Colocando à disposição o cargo de líder do PSDB e reforçando a unidade do partido contra a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), fez nesta quarta-feira (12) um duro discurso no plenário do Senado. Virgílio mantém com firmeza a orientação para que a bancada vote contra e sinalizou que, como líder, acata a possibilidade de o governo retomar as negociações em janeiro de 2008. Mas, hoje, segundo ele, era preciso reagir ao clima de ameaças à oposição, aos governadores e à tentativa de se criar um clima de terror caso o governo seja derrotado na votação. "Não nos digam que não negociamos. Procuramos todas as janelas. O governo opta pela prepotência", disse Arthur Virgílio.
Ele disse que respeita a posição dos governadores que defendem a prorrogação da CPMF, mas reafirmou sua condição de líder e a orientação para que os senadores do partido votem contra. "Ninguém quebra minha espinha dorsal", disse. "Posso ser líder por 10 minutos, por um ano. Sou líder há 5 anos", falou em tom firme. "Não consigo negociar com quem não fala verdade, me chantageia, com quem me ameaça", reagiu.
Virgilio contou que viveu momentos tensos nas reuniões do partido e admitiu que os senadores se dividiram e alguns deles gostariam que o PSDB tivesse feito um acordo agora com o governo. Ele relatou as propostas do governo como a prorrogação da CPMF por um ano, discussão sobre a contribuição no âmbito da reforma tributária, redução progressiva da alíquota. "Todas as propostas apresentadas há dois meses pelo partido ao ministro Mantega (Guido Mantega, da Fazenda), e o ministro disse que não daria tempo para fazer tudo isso nesse momento", contou. "E agora vem o governo dizer que pode fazer agora, no último momento?", disse Virgílio.
Ele chamou atenção, ainda, para o fato de que todos os números apresentados pelo governo "são nada" se o País sofrer os impactos de uma crise no exterior. "Para mim foi dolorido. Tenho contrariado governadores do partido. Mas não consigo dar para trás na palavra que empenhei", disse ainda o líder dos tucanos reafirmando que a bancada deve votar unida. "Tem hora que se paga qualquer preço, mas não se ajoelha. Qualquer preço, mas não quebrar a espinha dorsal", disse.
A sessão de discussão da CPMF começou com um debate entre os senadores. Mais cedo, também a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), defendeu a prorrogação da CPMF. Ela lembrou o momento excelente do governo, com a alta aprovação de Lula, explicitada no resultado da pesquisa CNI/Ibope, divulgado nesta quarta-feira. Ideli chamou atenção também para o excelente resultado do desempenho do setor industrial no terceiro trimestre, sinalizando para um crescimento da economia na casa dos 5% este ano.


