Áreas de desmatamento têm maior índice de homicídios

O segundo Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, realizado pela Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (Ritla) e divulgado nesta terça-feira (29), mostra que as regiões de fronteira e ligadas ao desmatamento concentram os maiores índices de homicídios por habitante. Coronel Sapucaia, na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai, e Colniza, no Mato Grosso, em pleno arco do desmatamento, são as campeãs do País, com mais de 105 assassinatos para cada 100 mil habitantes. "São áreas onde há uma enorme ausência do poder público, onde impera a lei dos mais fortes e um desrespeito quase absoluto aos direitos humanos", afirma o autor do estudo, Julio Jaboco Waiselfisz.

O estudo permite uma imagem geral muito semelhante ao quadro verificado no ano passado, quando se descobriu que é no interior do País e nas cidades de fronteira que a violência aparece com maior vigor, e não nas capitais, como se poderia supor diante dos casos de violência urbana registrados no País. O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Telles Barreto, disse que o ministério já havia identificado a interiorização da violência. O ministério, segundo ele, já está trabalhando com a Polícia Federal e outros órgãos nessas regiões apontadas pelo estudo da Ritla. Ele disse ainda que o governo irá retomar a campanha do desarmamento para mobilizar mais uma vez a sociedade contra o uso de armas de fogo.

A primeira capital a aparecer na lista é Recife, onde o índice médio de homicídios chega a 90 por 100 mil habitantes. Hoje, Recife está na nona posição como capital mais violenta, precedida por cidades do interior. São Paulo teve uma queda expressiva entre o mapa deste ano e o realizado no ano passado, com dados até 2004. Passou do 182º lugar para o 492º. O número de assassinatos vem caindo em torno de 4,4% ao ano no País desde 2003, invertendo um crescimento que vinha sendo regular. Entre 2004 e 2006, a queda foi de 5,4% na população em geral e de 13% entre os jovens. No entanto, a juventude continua sendo a mais atingida pelos homicídios. Em Breves, no Pará, 60% dos assassinatos foram de pessoas até 24 anos em 2006.

O mapa também mostra um aumento significativo do número de mortes envolvendo motociclistas. No período analisado, as mortes de motoristas aumentaram 83%. Apesar de ser a menor proporção no transporte, comparado com carros e pedestres, as mortes de motociclistas já representam 25% de todas as mortes no trânsito.

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