Após a prisão de dois suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco, um policial militar reformado e um ex-policial militar, parlamentares do PSOL e a viúva de Marielle pediram que as investigações continuem para descobrir o mandante do crime.

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A viúva da vereadora Marielle Franco, a ativista Monica Benício, disse que “espera não ter que aguardar mais um ano para saber quem foi o mandante do crime”. Ela falou que as prisões dos dois policiais nesta terça-feira, 12, acusados de serem os executores do crime, são “um passo importante na investigação, uma etapa fundamental”.

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“Espero poder ter em breve acesso aos detalhes para que sinta segurança nesse resultado”, disse. “Mais importante que a prisão de ratos mercenários é responder a questão mais urgente e necessária de todas quem mandou matar Marielle. Espero não ter que aguardar mais um ano para saber quem foi o mandante disso tudo. Essa resposta e a condenação final de todos os envolvidos o Estado deve a todas e todos que sofrem com a perda de Marielle e a própria democracia.”

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A assessora de Marielle Fernanda Chaves, que estava no carro junto com a vereadora no dia em que ela foi morta, afirmou que a prisão do PM reformado Ronie Lessa e do ex-PM Elcio Queiroz, acusados do crime, é um “passo importante para a investigação”, mas lembrou que o mais importante é chegar nos mandantes da execução.

“Não é fácil acordar e me deparar com as figuras acusadas de metralhar o carro em que eu estava, responsáveis por acabar com as vidas de Marielle e Anderson”, afirmou, emocionada. “Mas as notícias dão conta da apreensão de material e equipamento, o que pode ser essencial para chegar nos mandantes. Essa é a mais importante das respostas, quem mandou matar Marielle. A gente segue aguardando. O mundo inteiro quer saber quem mandou e quais foram as motivações.”

A Anistia Internacional divulgou uma nota sobre as prisões dos policiais envolvidos no assassinato da vereadora, ocorrido no dia 14 de março do ano passado. “Essas pessoas devem ser levadas à Justiça para que, em um julgamento que respeite o devido processo, a eventual responsabilidade criminal seja determinada”, diz a nota.

“Agora, mais do que nunca, a Anistia Internacional reitera a necessidade de, como já foi feito em outros países, um grupo externo e independente de especialistas para acompanhar as investigações e o processo. A organização reitera que ainda há muitas perguntas não respondidas e que as investigações devem continuar até que os autores e os mandantes do assassinato sejam levados à justiça.”

Em entrevista à Rádio Eldorado, o ex-deputado federal Chico Alencar, membro da executiva nacional do PSOL, disse nesta terça-feira que o assassinato da vereadora Marielle Franco foi sem dúvida um crime político e dirigido. “(O assassinato) tinha uma clara destinação contra alguém dedicada e de contestação ao racismo, às milícias, aos grupos paramilitares, ao controle territorial ilegítimo, a LGTfobia”, afirmou.

“Nós estamos a dois dias de completar um ano dessa execução, da vereadora Marielle e de Anderson Gomes. Essa notícia (da prisão de dois suspeitos), embora num contexto de uma tremenda tragédia, ela é positiva. Vamos ver se chegamos aos mandantes desse abominável crime. Agora, o que tudo indica, foram eles mesmos que cometeram o crime, foram os executores. Não há executor sem mandante, sem uma cadeia de organização criminosa, avaliou Alencar.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) disse em sua conta no Twitter que as prisões dos executores de Marielle e Anderson são importantes e tardias. “É inaceitável que se demore um ano para termos alguma resposta. É um passo decisivo para as investigações, mas o caso não está resolvido. É fundamental saber quem mandou matar e qual a motivação”, disse Freixo.

O vereador Tarcísio Motta (PSOL/RJ), colega de bancada de Marielle Franco, disse que as prisões realizadas na manhã desta terça são um passo importante na resolução do crime, mas que ainda falta esclarecer quem foi o mandante.

“Me parece óbvio que um crime dessa envergadura não foi cometido por razões pessoais desses PMs”, afirmou o vereador. “É fundamental chegarmos aos mandantes desse crime político.”

Deputada federal pelo Rio de Janeiro, Talíria Petrone (PSOL) também usou o Twitter para pedir esclarecimentos sobre quem mandou matar a vereadora.