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Ameaçada por barragem, população de Santa Bárbara passa por simulado de evacuação

Ameaçado de ser atingido por rejeitos de minério de ferro da barragem da Vale da mina de Gongo Soco, o município de Santa Bárbara, na Grande Belo Horizonte, passou nesta sexta-feira, 29, por simulação de rompimento da estrutura. Há uma semana, o nível de emergência foi elevado a 3, status máximo, que indica ruptura a qualquer momento.

Com cerca de 30 mil habitantes, Santa Bárbara é a segunda cidade de Minas a passar por teste em menos de uma semana. A primeira foi Barão de Cocais, município vizinho, onde fica a barragem, na última segunda-feira, 25.

Segundo dados da Defesa Civil de Minas, 1.620 pessoas da cidade teriam que ser retiradas de suas casas em caso de colapso da estrutura. Os cálculos das autoridades dão conta que a lama chegaria à cidade em 2h36. Em Barão de Cocais, esse tempo é de 1h06.

Para simulado em Santa Bárbara foram fixados 13 pontos de encontro, locais que não seriam atingidos pelo rejeito, segundo a Defesa Civil. Cinco pontos ficam na cidade, dois no distrito de Brumal e cinco no distrito de Barra Feliz. Os carros alertando para o simulado, e que serão utilizados também caso a barragem se rompa, começaram a rodar pela cidades às 15h, horário do início do teste.

Moradora de Santa Bárbara há mais de 30 anos, a aposentada Maria Helena Gomes, de 78, foi a primeira a chegar, ao lado da família, a um dos pontos de encontro, na antiga estação ferroviária da cidade. “É um pavor isso que está acontecendo”, afirmou. “Ninguém esperava por isso.”

A filha Simone Oliveira, de 42 anos, relatou que a orientação, repassada em reuniões realizadas na véspera do simulado, era que ninguém se desesperasse. “Mas isso é impossível. Hoje é um simulado. Todo mundo andando mais tranquilo pra cá. Mas, e se a barragem romper? Não vai ser como está sendo”, disse. Uma das filhas de Simone, Eduarda Oliveira, também foi com a mãe e a avó para o ponto de encontro.

Além do São João, que corta Barão de Cocais, os rios Conceição e Santa Bárbara, que banham o município onde o simulado foi realizado, também seriam poluídos. Como os rios são os caminhos naturais da lama, a população às margens dos cursos d’água corre mais riscos.

O aposentado Vicente Adalberto Silva, de 58 anos, morador do bairro Praia, tem casa ao lado do rio Santa Bárbara. Ele mora no local há seis anos, com a mulher e uma filha. “É muito despreparo da empresa. Era preciso que tivesse sido construído bacias logo depois da barragem, no sentido Barão de Cocais. Dessa forma, a lama não chegaria tão forte lá, nem aqui”.

O também aposentado José Maximiliano, de 64 anos, pesca no mesmo rio, em um trecho que corta o bairro. “Vou ter que arrumar outra coisa pra fazer”, afirmou, sobre a possibilidade de a barragem romper e a lama de Gongo Soco poluir o Santa Bárbara.

Simulado foi concluído em 53 minutos

Em Barão de Cocais, cidade de aproximadamente 28 mil habitantes, a previsão era que 6.054 pessoas participassem do simulado. Este número, no entanto, foi de 3.626. O simulado em Santa Bárbara foi concluído em 53 minutos. O de Barão de Cocais, em 32 minutos.

Apesar de menos pessoas dentro da área de inundação, o tempo em Santa Barbara foi maior porque a área coberta é mais extensa. “Tanto que em Barão de Cocais eram sete pontos de encontro e, em Santa Barbara, 13”, afirmou o tenente-coronel Flavio Godinho, coordenador-adjunto da Defesa Civil.

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