Agências de viagens alegam prejuízo com crise aérea

Se por um lado as empresas de transporte rodoviário começam a absorver a demanda de passageiros aéreos nas viagens de curta duração, como São Paulo-Rio de Janeiro, as agências de viagens, por sua vez, já trabalham com prejuízos. Os problemas no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, cenário da maior tragédia aérea do País, com o Airbus A320 da TAM, resultaram em cancelamentos e desistências dos pacotes.

"As agências de viagens em vez de receberem compras de pacotes, começam a receber pedidos de ressarcimento. E as empresas vão ter que providenciar isso", afirmou o vice-presidente nacional da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Carlos Alberto Amorim Ferreira. "O momento é delicado, ainda estamos sob o impacto da tragédia, mas é claro que mais dia ou menos dia vamos ter que avaliar o montante dos prejuízos", complementou.

Diante do inconstante abre-e-fecha no terminal aeroportuário paulista verificado nos últimos dias, desde o acidente da TAM o movimento é de caos, como aponta Ferreira. O executivo lembra, entretanto, que a queda já vinha sendo observada desde março deste ano, principalmente no mercado doméstico – mais afetado pelos atrasos. "Entre março a junho tivemos recuo de 25% a 30% no mercado doméstico", pontua.

Segundo Ferreira, com a queda do dólar, o turismo se direcionou para o mercado internacional. No entanto, este nicho que, até então, não vinha sendo prejudicado, também começou a sentir os efeitos dos problemas de Congonhas. "Da semana passada para cá, praticamente, parou tudo. As pessoas não conseguem viajar e ninguém tem informações, nem as próprias companhias sabem qual vai ser a malha delas", afirma.

Mercado corporativo

Especializada em gerenciamento de viagens corporativas, a empresa Carlson Wagonlit Travel também já contabiliza os prejuízos. "Desde a tragédia da terça-feira passada, já verificamos uma queda de 30% a 40% no movimento", afirma o presidente da companhia, André Carvalhal.

Segundo Carvalhal, com a decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), tomada nesta terça-feira (24), de não vender mais passagens com partida em Congonhas, a situação deve ficar ainda pior. O objetivo da Anac é normalizar o fluxo aéreo, que sofreu muitos atrasos nos últimos dias. "Com a possibilidade de não ter mais vôos em Congonhas, a tendência é piorar", declarou o executivo.

O presidente da Carlson informa ainda que muitos clientes estão optando por desistir das viagens ou postergá-las, sendo que alguns já definiram: não querem mais vôos com partida ou destino em Congonhas. O prejuízo, diz ele, será natural. "Há uns dois dias trabalhamos mais para atender telefonemas e cancelar viagens do que para emitir passagens, que é o nosso negócio", lamenta.

Conta

"No final das contas, os passageiros também acabam pagando a conta pois, com a diminuição de oferta, as tarifas tendem a aumentar. Vai ser pior pra todo mundo." A opção de remanejamento para o Aeroporto de Guarulhos (Cumbica) também não é vista mais como uma solução tão viável assim. "Você procura vôos para Guarulhos e não tem mais, o aeroporto já está abarrotado", conta.

Para Carvalhal, as ações tomadas na última semana não trazem efeitos no longo prazo. "Vemos mais ações reativas, do que eficazes no longo prazo. Está todo mundo reagindo por impulso", critica.

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