Acusado de tortura, policial que agrediu comerciante é preso em SP

Acusado pelo Ministério Público Estadual (MPE) pelos crimes de tortura, constrangimento ilegal e abuso de autoridade contra o comerciante iraniano Navid Saysan, o investigador José Camilo Leonel, da Corregedoria da Policia Civil, foi preso nesta quinta-feira, 14, a pedido da Justiça. No dia 21 de janeiro, a vítima foi agredida dentro de uma loja nos Jardins (zona sul de São Paulo) após se recusar a devolver o dinheiro para uma amiga de Leonel.

As imagens foram gravadas pelo sistema de segurança do comércio foram divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo. A prisão preventiva foi decretada pela juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira, da 4ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda.

“Sua conduta é extremamente grave, merecendo pronta e enérgica atuação estatal, até porque, com ela, sendo usados veículo e armamento públicos, seu ato trasvestido de oficial, atingiu o Estado”, disse a magistrada na decisão do último dia 13 de abril.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública confirmou que Leonel está detido no presídio da Polícia Civil. Antes de ir para a loja, o policial se encontrou com a estudante Iolanda Delce dos Santos, de 29 anos, em um café. Ela quem tinha comprado o tapete e, após se encontrar com o Leonel, se dirigiu até o comércio do iraniano.

Ao chegar no local, o comerciante ofereceu um vale-compras, mas negou devolver o dinheiro. Iolanda saiu da loja, ligou para o policial e, em poucos minutos ele chegou ao local, exigindo que Saysan devolvesse o dinheiro dela. Houve então discussão, seguida pelas sequência de agressões. O iraniano chegou a ficar com a cabeça sob a mira da arma de Leonel.

Para aumentar o nível de intimidação, o investigador chamou amigos do Grupo de Operações Especiais (GOE), grupamento de eleite da Polícia Civil.

O proprietário, os funcionários e a cliente foram levados até a Corregedoria para registrar a ocorrência. Lá, Leonel disse que estava passando pela avenida quando atendeu ao “apelo” de Iolanda.

A juíza negou o pedido de arquivamento do processo contra estudante, também acusada de tortura. “Há filmagens indicando que ela que teria chamado o acusado para o local, após a desavença sobre o tapete, que o conhecia anteriormente bem como que ela presenciou toda a ação dele, dos policiais que vieram em reforço, bem como que anuiu com a conduta daquele, concorrendo efetivamente com os crimes”, justificou a juíza.

O advogado de Iolanda, Roberto Podval, afirmou que “não vai fazer nenhum juízo de valor” sobre a alegação da magistrada. “Ela é a juíza do caso, e ela que decida. Mas para contestar o arquivamento proposto pelo Ministério Público Estadual, antes ela precisa devolver a proposta para Procuradoria-geral de Justiça”, disse.

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