Fortaleza – A viação Itapemirim informou ontem à tarde que o número de mortos no acidente com o ônibus que caiu no açude de Cipó, na divisa do Ceará com a Paraíba, na madrugada de ontem, era de 46 pessoas. Os trabalhos de resgate ainda não haviam terminado, no começo da noite de ontem. O ônibus da viação Itapemirim, que fazia a rota Fortaleza-Salvador, caiu por volta das 4 horas da madrugada em um açude no km 5 da BR-116, próximo ao município de Barro, a 536 quilômetros da capital cearense. O ônibus ficou submerso.
Até o início da tarde de ontem, nenhum corpo havia sido resgatado. Segundo o diretor técnico-científico da Secretaria de Segurança do Ceará, o legista Francisco José Ferreira Simão, não havia possibilidade de haver sobreviventes. O número de mortos pode ser maior, porque o ônibus tinha capacidade para 47 passageiros e é possível que outras pessoas tenham subido a bordo durante o trajeto.
Familiares foram para a sede da Itapemirim buscar informações sobre o acidente. Iara Marta Poty foi saber se o noivo dela, Cláudio Roberto Figueiró, de 32 anos, estaria entre os mortos. “Ele foi passar o carnaval em Salvador, na casa de uma grande amiga nossa”, disse Iara, que preferiu não viajar.
Quem dirigia o ônibus era Paulo Monteiro. Segundo o ex-motorista da Itapemirim Marcos Antônio Jerônimo, Monteiro estava há três anos na empresa. Jerônimo passou 10 anos na Itapemirim e disse que a viagem até Salvador é muito desgastante. “Para a troca de motoristas, que acontece em Barro, a distância de Fortaleza é grande – mais de 460 quilômetros de estradas esburacadas, animais na pista e o cansaço do motorista.” Segundo ele, o açude Cipó não tem grades de proteção.
Em Barro, o feirante Francisco Pereira de Sousa estava na rodovia e viu o acidente. “O ônibus desgovernou-se, entrou na contramão e caiu no açude. Vi ainda um homem agarrado ao retrovisor externo, mas ele acabou se afogando.” O açude Cipó é de médio porte, com profundidade de 8 metros, e estava “sangrando”. Chovia no momento do acidente com o ônibus 40229, da empresa Itapemirim, que saiu de Fortaleza com destino a Salvador. O guincho enviado pela polícia de Milagres é pequeno e não deu para tirar o ônibus do açude.
Foi preciso vir um guincho maior do Corpo de Bombeiros de Juazeiro do Norte. O prefeito de Barro, Joaquim Alves do Nascimento, decretou luto oficial de três dias e cancelou o carnaval da cidade. O bispo da diocese do Crato, dom Fernando Panico, disponibilizou o salão da matriz do município para o velório dos corpos.