O diretor-executivo da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), César de Barros Pinto, disse hoje à Agência Estado que as linhas de transmissão de Furnas, cujo desligamento causou o blecaute da última terça-feira, estão com a manutenção em dia. “As linhas recebem manutenção, até porque existe um mecanismo chamado parcela variável, que penaliza as transmissoras quando um equipamento fica indisponível”, disse.

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Segundo ele, quando uma instalação deixa de funcionar de forma não programada, como aconteceu nesta semana, a empresa perde 150 horas de suas receitas para cada hora de desligamento. As empresas de transmissão recebem uma espécie de pedágio pelo serviço de transporte de energia. O dinheiro, repassado por distribuidoras e geradores – respectivamente compradores e vendedores da energia – é pago pelas tarifas cobradas, na ponta, pelos consumidores finais.

“A falha de manutenção é gravíssima para nós. Operamos com o mesmo padrão de manutenção dos aviões. O baixo desempenho pode acabar com as receitas de uma empresa”, disse Barros. Segundo ele, as três linhas que desligaram na altura de Itaberá (SP) estavam dimensionadas para suportar a carga de Itaipu e ainda contavam com redundância, ou seja, em tese, se uma linha desliga, as outras duas teriam de dar conta do serviço.

O fato de o problema não ter sido isolado em apenas uma linha – de modo a garantir o escoamento nas demais – é, para Barros, a grande questão a ser explicada pelo governo. “Você tem três linhas de corrente alternada. Perdendo uma, é possível transmitir pelas outras. Um raio pode ter acontecido, mas três? Essa é a grande pergunta a ser esclarecida”, disse.

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Para o executivo, uma hipótese para explicar a “contaminação” das outras redes seria uma falha no disjuntor da linha onde começou o problema. Se um raio caiu mesmo na linha, em tese, o disjuntor teria de “abrir” e fazer com que a descarga elétrica fosse isolada até descer para a terra por meio dos para-raios instalados ao longo da rede. “Se o disjuntor não abriu, o efeito do raio foi maior e pode ter afetados as outras linhas”, disse.