A democracia de Lula

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva declarou, em sua recente visita a Santiago do Chile, que a desigualdade social é uma ameaça à democracia e reforçou seu compromisso de dar combate à pobreza.

As palavras de Lula, a mim, pelo menos, causam algum susto. Textualmente, eis o seu pensamento: “Não há democracia política que resista a tão dramáticas diferenças sociais. O agravamento das desigualdades é um convite às soluções de força. (grifo meu)

Sabemos todos que Luiz Inácio não terá condições, como Fernando Henrique também não teve, embora tenha declarado que procedeu importantes avanços nesse setor, de eliminar as desigualdades sociais. Certamente que quando falamos nessa eliminação a estamos imaginando de forma definitiva.

E não tendo condições para extinguir as desigualdades, Lula pretenderia então recorrer às soluções de força?

Certo que as soluções de força têm condições para tudo. E é precisamente aí que reside o perigo.

Muitos já reconheceram que a democracia é um sistema político complicado, difícil de ser praticado, repleto de obstáculos para a manifestação da vontade dos detentores do poder, mas não apenas é uma garantia para o povo, como também já foi dito e redito, não se encontrou ainda um regime político que pudéssemos considerar melhor.

A igualdade que temos como palavra-chave da democracia, não é a igualdade expressada pelo termo comum, mas, sim, a igualdade política. Evidentemente que continuamos todos os democratas sendo pessoas diferentes, cada um senhor do seu pensamento e com direito a lutar pelos seus desejos, mas, perante a lei todos nós temos direitos iguais. E isso inclui o direito àqueles com maior competência, com maior vontade de trabalho ou com maior inteligência de se tornarem mais ricos do que outros, sem essas qualidades ou essa ambição.

P.S.

– Está faltando ao nosso futuro presidente reconhecer também que até hoje nenhuma solução de força acabou com as diferenças sociais. Talvez Lula tenha visitado, em Cuba, só o que Fidel Castro quis que ele visse. Para um ditador não é difícil esconder a miséria.

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