Brasil tem tecnologia para fabricar reatores

O Brasil tem tecnologia para fabricar os reatores de 300 megawatts necessários para a construção de quatro usinas nucleares. A edificação dessas unidades, de outros de 1.300 mw, além da conclusão de Angra 3, faz parte do novo programa nuclear brasileiro, que está sob avaliação de cinco ministérios. "Nós temos a tecnologia do reator", afirmou o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Dias Gonçalves. "A Marinha já tem um reator pequeno que pode, facilmente, chegar a 60 mw. Com pequenas modificações, ele alcança os 300 mw." As unidades Angra 1 e 2 operam com conhecimento importado dos Estados Unidos e da Alemanha, respectivamente. Para a construção das usinas de 300 mw, seria usada tecnologia nacional desenvolvida pelo Centro de Tecnologia da Marinha em São Paulo (CTMSP), a partir de um reator para propulsão de 20 mw.

Usinas com essa capacidade são capazes de suprir cidades como Campinas, no interior de São Paulo. O custo estimado de cada uma dessas usinas é de US$ 600 milhões. A proposta do programa nuclear brasileiro tem três versões, que prevêem investimentos entre US$ 6 bilhões e US$ 13,6 bilhões nos próximos 17 anos.

Todas as versões partem da premissa de que Angra 3 será concluída, o que levou o Ministério de Minas e Energia a deixar as discussões sobre o projeto, uma vez que a ministra Dilma Rousseff, é contra a criação da usina. "A questão energética é polêmica, mas não temos dúvida de que é a melhor opção. Estamos muito otimistas porque outros ministérios mostraram-se amplamente a favor desse programa nuclear", afirmou Dias.

Além da construção das usinas, a proposta prevê a expansão da fábrica de enriquecimento de urânio, em Resende (RJ) que deve começar a operar no segundo semestre deste ano. Com carga máxima, a fábrica tem hoje capacidade para enriquecer entre 4% e 6% da quantidade de urânio necessária para abastecer as usinas Angra 1 e 2. O restante é importado. Os técnicos da área nuclear do governo também fizeram a proposição de exportar o excedente do urânio extraído. O País detém hoje a sexta maior jazida do minério no mundo. A comercialização do urânio, que ainda não é permitida por lei, seria uma das formas de financiar o programa nuclear brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encomendou as linhas gerais do programa em maio, após visita à China. O projeto está em análise por uma comissão formada pela Casa Civil e pelos Ministérios da Ciência e Tecnologia, Fazenda, Defesa e Relações Exteriores.

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