Brasil instala rede sanitária para se proteger de pragas agrícolas

Brasília – Realizar estudos que ajudem o governo a reduzir o efeito das barreiras sanitárias que atrapalham o comércio externo é o objetivo de uma rede de pesquisa criada em 2003. O projeto, batizado de Rede de Pesquisa em Sanidade Vegetal, tem o apoio do Ministério da Agricultura, que já encomendou o primeiro serviço aos pesquisadores, o mapeamento das pragas que atacam as 12 commodities vegetais mais importantes na pauta de exportação do agronegócio.

O da soja está pronto, com todas as pragas que causam impacto na cultura no território nacional e também as que ocorrem em países que exportam o grão para o Brasil.

A pesquisadora líder do projeto, Maria Regina Vilarinho, do Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), da Embrapa, em Brasília, explica que é necessário saber das pragas que podem entrar via importação e de seu risco de afetar cultivos para que o governo adote medidas rápidas que impeçam a proliferação da espécie. ?Isso é agricultura preventiva. Se sabemos o que é possível ocorrer, podemos agir rápido para identificar a praga e o governo tem, assim, os instrumentos para elaborar um plano de contingência?, observa a bióloga especializada em insetos.

A conseqüência disso, segundo ela, é a redução das barreiras sanitárias, impostas por países importadores quando se divulga a mínima possibilidade da entrada de uma praga em determinado país. ?A resposta é mais rápida quando se tem informação relevante como estas, quando se adota a rastreabilidade e o diagnóstico molecular compatível com os protocolos internacionais?, diz Regina Vilarinho.

A Rede de Pesquisa em Sanidade Vegetal deve lançar, assim que forem liberados os recursos, uma página na Internet com os primeiros estudos realizados desde sua criação há um ano e meio. Entre eles, informações sobre alertas de risco, localização das principais culturas de interesse econômico (sabendo da distribuição geográfica das culturas, fica mais fácil detectar o foco de contaminação), e sobre o Acordo Sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS).

Estabelecido em 1994, pela Organização Mundial do Comércio (OMC), o Acordo SPS define que as medidas sanitárias tenham como objetivo a proteção da vida animal e vegetal dos riscos de contaminação por pestes e doenças, bem como da vida e da saúde do homem.

Para Regina Vilarinho, o fortalecimento da rede é essencial para que a pesquisa científica, junto com a formação de recursos humanos, colaborem para a derrubada de barreiras não-tarifárias do comércio internacional relativas aos produtos agrícolas brasileiros. ?A rede vai auxiliar o governo a exportar com qualidade e a importar com controle dos riscos?, finalizou.

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