Brasil e México desejam ampliar a lista de produtos que recebem preferência tarifária e poderão ter reduzidas suas alíquotas de importação. A informação foi dada hoje (21) pela embaixadora do México no Brasil, Cecília Soto. Em julho do ano passado, os dois países assinaram um acordo de complementação econômica envolvendo 792 produtos – 641 industriais e 151 agrícolas. O acordo nem mesmo entrou em vigor e Brasil e México querem reiniciar as negociações.

Segundo a embaixadora, que esteve com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, o acordo ainda não entrou em vigor por questões burocráticas, mas em menos de 30 dias ele estará valendo. O texto prevê preferências recíprocas, com reduções tarifárias de 20% a 100%. Soto disse que o chanceler mexicano, responsável pelas negociações comerciais, deve aproveitar o Fórum Econômico Mundial, que acontecerá em Davos, na Suíça, para conversar com autoridades brasileiras sobre a ampliação do comércio.

Ela disse que também foram criados grupos de trabalhos com a participação de empresários dos dois países que estão identificando oportunidade de negócios. Alguns setores, como têxtil e químico, se queixam do texto assinado com o México e esperam ainda ser incorporados a essas preferências.

O acordo automotivo entre Brasil e México entrou em vigor na semana passada, seis meses após a sua assinatura pelos dois governos. A embaixadora do México comemorou a entrada em vigor do acordo. ?Esta é a primeira vez na história que acontece um acordo de livre comércio setorial entre um país e um bloco de países como o Mercosul?, disse.

Pelo acordo, a partir de 2007 haverá livre comércio no setor automotivo. Nos primeiros 12 meses de vigência, vigorará uma alíquota de 1,1% para exportação de até 140 mil veículos. No segundo ano, a alíquota passa a ser zero e a cota sobe para 165 mil unidades; no terceiro, a cota fica em 185 mil carros; no quarto, em 210 mil e, posteriormente, passa a existir livre comércio.

O setor de máquinas agrícolas e rodoviárias terá cota livre para embarques, mas a alíquota será zerada em quatro anos. Atualmente, a alíquota para este setor flutua entre 18% e 23%. Com o acordo em vigor, cai para 5% no primeiro ano, 3% no segundo, 1% no terceiro e zero no quarto ano. As autopeças terão alíquota zero e cota livre para mais de 200 itens que representam 90% do valor do comércio, já no primeiro ano. Cecília Soto disse que o acordo irá duplicar o comércio em dois anos.

O Ministério do Desenvolvimento informou que haverá redução da capacidade ociosa da indústria brasileira e aumento das exportações. O saldo comercial de produtos automotivos tem sido superavitário para o lado brasileiro desde 1997. Em 2002, o saldo foi de US$ 1,065 bilhão.

No ano passado, com a crise econômica na Argentina, o México passou a ocupar o primeiro lugar na lista dos principais destinos das exportações brasileiras de veículos.

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