Bové é longamente aplaudido na Assembléia Mundial Camponesa

O agricultor e ativista francês José Bové foi longamente aplaudido hoje à tarde pelos participantes da Assembléia Mundial Camponesa – um dos vários eventos que se realizam desde ontem em Porto Alegre, antecipando o Fórum Social Mundial.

Bové, que em 2001, ajudou um grupo de militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a invadir e destruir uma plantação de milho transgênico e quase foi expulso do País pela Polícia Federal, é conhecido internacionalmente como uma espécie de símbolo de rebeldia contra a globalização, especialmente contra as mudanças que provoca na zona rural.

Hoje, ele disse que a principal preocupação dos movimentos rurais de todo o mundo em 2003 será o debate que a Organização Mundial do Comércio (OMC) promoverá sobre questões relacionadas à agricultura. Segundo Bové, nos próximos encontros daquela entidade, em Genebra, em março, e Cancún, em setembro, os países ricos tentarão mais uma vez impor sua vontade sobre a dos mais pobres.

Na América Latina, será preciso dedicar-se ao combate à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) nos moldes em que está sendo proposta pelo governo dos Estados Unidos: “Se não for contida, a Alca servirá apenas para atender às necessidades dos americanos”.

Vestindo uma bata amarela, que combinava com a calça da mesma cor, Bové exibia um ar tranqüilo e sempre que possível fazia referências ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que conheceu há dois anos em Porto Alegre.

Elogiou particularmente a decisão de dar prioridade ao combate à fome: “Um dos resultados mais importantes de um programa desse tipo é o impacto que pode ter na produção agrícola, especialmente a propriedade familiar, voltada para a produção de alimentos”.

Provocado, evitou qualquer tipo de crítica a Lula. Não quis nem falar muito sobre a decisão dele de ir a Davos: “Não quero julgar. Acho que vai como representante de um grande Estado que é o Brasil. O Lula não representa só uma parte da população brasileira”.

Ao ser perguntando sobre como se sentia em relação ao episódio de dois anos atrás, sorriu e disse: “Isso foi há dois anos. O governo era outro”. Em 2002, Bové também esteve no Brasil. Na época veio como representante da Via Campesina, um movimento que tenta organizar os movimentos sociais da zona rural em todo o mundo. Neste ano, Bové representa a organização francesa Confederação do Movimento Camponês.

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