BNDES vai priorizar geração de empregos na gestão Lessa

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá priorizar a geração de empregos durante a gestão de Carlos Lessa, disse hoje o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, durante a transferência de cargo no banco de fomento. Lessa recebeu o cargo do ex-presidente, Eleazar de Carvalho, em uma cerimônia com a presença de mais de mil pessoas – entre empresários, banqueiros, funcionários do banco e até estudantes – e clima de afinidade com o ministro.

“Eu recomendo a esta nova diretoria que a geração de empregos seja a maior prioridade”, disse Furlan, em seu discurso, concluído com um elogio ao “talento” do novo presidente do banco, com quem teve desentendimentos nos primeiros dias de governo. “O BNDES apoiará o combate às causas estruturais da fome com apoio aos setores que gerem mais empregos”, afirmou o ministro, que pediu que as equipes do banco e do ministério formem um time coeso para seguir as políticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O combate à fome e a inclusão social foram temas centrais do discurso de Lessa. “O Norte para o banco está claramente sinalizado pela mudança do projeto nacional. A inclusão social será o centro de um novo esforço de desenvolvimento para o País”, disse o executivo, que antes havia chamado Furlan de “meu ministro”.

Segundo Lessa, a inclusão social cria novas oportunidades empresariais, funcionando como um “motor de transformações e ampliações da capacidade produtiva”. Como exemplo, Lessa citou o programa Fome Zero, que vai prescindir de um incremento na produção de alimentos e na logística de distribuição da comida. “Isto não é trivial: exigirá o fomento e o apoio de uma instituição com a vocação do BNDES”, afirmou.

Para ele, essa fórmula pode ser seguida em outras ações de melhoria da qualidade de vida, como educação, saúde e habitação. Afinado, Furlan acrescentou depois a área de saneamento dentre as atividades que necessitam de apoio e geram empregos.

Furlan e Lessa falaram também de exportações, um “atalho para geração de empregos”, segundo o ministro. Para o presidente do BNDES, o banco deverá dar especial atenção às exportações, principalmente com apoio a pequenas e médias empresas na solução de entraves e formação de consórcios para acessar o mercado externo. O ministro acrescentou com a necessidade de estímulo à exportação de serviços, a empresas que possam “vender o produto da inteligência”.

A transferência de cargos, tumultuada devido ao grande número de pessoas, contou com a presença dos ministros dos Esportes e das Comunicações, além da governadora do Rio, Rosinha Matheus, e dos economistas Maria da Conceição Tavares e Celso Furtado – “professora querida” e “mestre” de Lessa, respectivamente. Lessa iniciou o discurso com um histórico do banco, pontuado por críticas à “fantasia neoliberal que não nos conduz a lugar nenhum”.

“Na verdade, este discurso (neoliberal) ampliou a exposição do Brasil às turbulências geopolíticas e financeiras”, sentenciou, depois de criticar a privatização de setores estratégicos, que teria provocado, entre outros problemas, o racionamento do ano passado. A participação do BNDES nas privatizações, disse, representou um desvio na missão do banco. “Banco de desenvolvimento não é banco de investimentos”, afirmou.

O presidente do BNDES rebateu críticas de que o banco havia se tornado um hospital de empresas ao apoiar processos de capitalização de grupos em dificuldades financeiras. “É necessário esclarecer que esta instituição foi hospital de empresas, não de empresários. Não faz sentido que um banco de desenvolvimento assista ao sucateamento e destruição de frações produtivas importantes da economia nacional”, argumentou.

Redução

Dentre as medidas práticas, o presidente do BNDES já decidiu que vai reduzir de 26 para 12 o número de superintendências do banco, para “compactar mais a organização”. “Formalmente não estou extinguindo nada. Estou colocando uma pessoa respondendo por duas, três superintendências”, explicou. Lessa acredita que outra mudança pode ocorrer depois de uma reavaliação, na prática, do novo organograma.

O executivo garantiu que não haverá ruptura de qualquer contrato já assinado anteriormente pelo banco. “Isso é tranqüilo. Podemos tentar negociar ou reformular, mas sem romper o contrato”, disse. Segundo ele, provavelmente haverá necessidade de um novo planejamento estratégico para o banco no seu processo de restruturação e elaboração de políticas industriais.

Voltar ao topo