BNDES poderá oferecer crédito para capital de giro a partir de 2005

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá ofertar, já a partir do próximo ano, linhas de crédito para capital de giro de micro, pequenas e médias empresas com juros menores do que os cobrados hoje pelo varejo bancário. A informação é do secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e membro do Conselho de Administração do BNDES, João Felício. “O BNDES está mudando seu perfil e o tema (oferta de capital de giro) será tratado na próxima reunião do Conselho de Administração”, revelou Felício à Agência Estado.

Ele não soube informar a data exata da próxima reunião, mas estimou que deva acontecer em setembro. O assunto tem sido tratado há algum tempo dentro da instituição, desde o início do governo Lula, relata Felício. Mas ganhou força nos últimos meses por reivindicação de conselheiros próximos do setor produtivo, caso do próprio Felício, representante da CUT, e de outros membros como João Pedro de Moura, representante da Força Sindical; Eugênio Staub, presidente da Gradiente; e Eduardo Eugênio de Gouvêa Viera, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

A proposta também conta com apoio do presidente do BNDES Carlos Lessa. “Criar capital de giro, sobretudo para pequenas e médias empresas, era um tabu dentro dos governos, ainda maior no BNDES. Hoje, isso é discutido porque notamos que a falta de crédito para o capital de giro se tornou um ponto de estrangulamento das empresas”, explicou Felício.

Segundo ele, a instituição conta com recursos para ofertar essas novas linhas sem comprometer os financiamentos atuais, direcionados essencialmente a investimentos e exportações.

A avaliação dos conselheiros é de que, para ofertar crédito com taxas menores, o BNDES deverá administrar diretamente a gestão dos recursos. Em princípio, Felício vê a viabilidade do programa com o fortalecimento dos postos avançados do BNDES, já instalados nas principais federações das indústrias do País. “Não somos favoráveis à presença de intermediários nessa relação entre empresas e o BNDES. Para reduzir os custos dos créditos, devemos repassar diretamente as linhas às empresas, sem envolver outros bancos, que recebem comissão por operações”, opinou.

Para isso, Felício acredita que o BNDES terá de agilizar a implementação dos sistemas de modernização e desburocratização em curso, estabelecidos pela gestão Lessa. “Existe um quase desconhecimento dos empresários sobre como acessar o BNDES. Vamos fortalecer os postos avançados e a forma de a instituição se relacionar com as empresas”, comentou.

Outra hipótese, contou ele, seria a de transferir a administração dos repasses e contratos de capital de giro ao Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. “Mas isso precisa ser melhor avaliado porque, mesmo sendo estatais, esses bancos têm custos para a dministrar os recursos e isso encarece o crédito e o nosso foco é reduzir crédito”, reiterou.

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