Bird prevê crescimento de 1,8% para a América Latina em 2003

O Produto Interno Bruto da região formada por América Latina e Caribe deve crescer 1,8% em 2003 e 3,7% em 2004, segundo um novo relatório do Banco Mundial, divulgado hoje. Neste ano, economia regional recuará 1,1%, resultado do impacto da crise argentina. Excluído o país vizinho, o aumento do PIB regional seria de 0,7% neste ano, segundo o Bird. Em 2001, a região teve expansão de 0,4%.

Além da forte redução dos fluxos líquidos de capital para a região (de cerca de 50% só este ano), as incertezas em relação às eleições no Brasil também abalaram a confiança dos investidores, reduzindo o ritmo da recuperação regional, diz o Bird.

De acordo com o relatório “Perspectivas Econômicas Globais e os Países em Desenvolvimento 2003”, o ambiente externo para a maioria dos países da América Latina foi mais adverso do que se esperava. “Foi um ano difícil para a região, mas não está havendo crise regional”, afirmou Guillermo Perry, economista sênior do Bird para a região. O comércio exterior da região cresceu apenas 1,2% neste ano.

O principal autor do trabalho, Richard Newfarmer, acredita que o comércio com os Estados Unidos e a Europa são fundamentais para a recuperação regional. Por isso, insiste que a remoção das barreiras ao comércio e dos subsídios dos países ricos é “mais importante do que nunca”. O relatório ressalta que “estão se tornando cada vez mais urgentes ações que removam barreiras ao comércio e ao investimento que prejudicam o povo pobre dos países em desenvolvimento”.

Segundo o Bird, as negociações comerciais iniciadas em Doha em novembro do ano passado, abordando as necessidades dos países em desenvolvimento, estão dando sinais de estar se perdendo. “O Farm Bill (lei agrícola) dos EUA e o acordo anunciado recentemente para a manutenção dos gastos da União Européia com subsídios agrícolas até 2013 complicaram as negociações agrícolas”, escreveu Uri Dadush, diretor do Departamento de Comércio Internacional do banco.

Recuperação – Para 2003 e 2004, o Banco Mundial acredita no fortalecimento da economia mundial, com aumento nos volumes de comércio, nos preços dos produtos primários e nos fluxos de capital. “O pior já passou. A Argentina estabilizou-se um pouco e, passadas as eleições no Brasil, esperamos que se firme a confiança dos investidores e a menor aversão ao risco”, disse Perry.

O trabalho adverte, porém, que muitos países da região continuam confiando em um volume significativo de financiamento por endividamento, especialmente no setor público. É preciso, defende o Banco Mundial, ajustar o gasto público para garantir sustentabilidade fiscal e da dívida.

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