Biodiesel: governo prevê criação de 1 milhão de empregos

A implementação do biodiesel deverá criar cerca de 1 milhão de empregos no País a partir do ano que vem, sobretudo em regiões pobres como o semi-árido nordestino. A estimativa foi feita hoje (23) por integrantes do governo federal responsáveis pela elaboração do programa de biodiesel, tendo como base dados de estudo feito pelo grupo interministerial que analisou o tema e foi apresentada durante seminário promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo.

Toda a regulamentação técnica e tributária para o uso do biodiesel deve sair em novembro, mas já está decidido que a mistura inicial ao diesel convencional será de 2% de biodiesel, obtidos de mamona, babaçu, palma (dendê), girassol ou soja, . “Entre 2004 e 2005, pretendemos trabalhar com 30 mil famílias no Nordeste e 8 mil famílias nas demais regiões do País somente para dar início ao programa”, afirmou o gerente de Projetos da Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Arnoldo Campos.

A produção inicial de agricultores inscritos no Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), estimou Campos, será de 100 milhões de litros de biodiesel por ano. “Isso vai dar um trabalho monumental”, estimou, ao falar sobre as necessidades de padronização da produção nesse grupo de agricultores e sobre a definição do destino das vendas dos grãos para cooperativas ou usinas de moagem.

O governo vai direcionar cerca de R$ 100 milhões de recursos do Pronaf para o custeio dos primeiros projetos, com juros anuais de 4% ao ano. Outros R$ 10 milhões serão investidos em assistência técnica para os agricultores, financiados basicamente pela iniciativa privada. O projeto é conduzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Petrobras e tem assistência técnica da Embrapa.

Nos primeiros levantamentos de área, a Embrapa identificou 450 municípios do Nordeste com condições favoráveis para o cultivo da mamona. Para potencializar a produção, constatou-se que os maiores índices de produtividade são obtidos quando a mamona é plantada em conjunto com feijão, na proporção de, respectivamente, 80% e 20% do território. “Não se trata de questões econômicas, mas técnicas. O plantio do feijão melhora a performance da mamona”, explicou Campos.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário também aguarda a aprovação pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) dos contratos de securitização do plantio da mamona. “O seguro deve girar em torno de 2% do valor financiado”, estimou.

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