Belluzzo busca caminho para o novo Palmeiras

O presidente Lula respeita muito as opiniões de Luiz Gonzaga Belluzzo. Mas só quando o assunto é economia. Quando a conversa dos amigos é sobre futebol, o corintiano e o palmeirense nunca entram em acordo. Nessas horas, Belluzzo deixa a fala mansa de lado e assume a paixão pelo Palmeiras até esgotar seus argumentos. Ele é assim, fanático. Sempre foi. E passou a ser ainda mais agora, que se tornou o líder da nova diretoria do clube.

Economista de sucesso, professor da Unicamp e ex-assessor de Lula, Belluzzo é o diretor de planejamento do Palmeiras. É da cabeça dele que saem os programas para captar receitas e equilibrar as finanças do clube – a "bolsa de atletas", a "Sociedade dos Eternos Palestrinos" e o patrocínio nas mangas. "É um trabalho em equipe", disse.

Compartilhar decisões, aliás, é a maior marca dessa nova diretoria. "Acabou a época do cartola centralizador", disse Belluzzo, adversário histórico de Mustafá Contursi, que mandou no clube entre 1992 e 2004. "Esta nova era, com o presidente Affonso Della Monica confiando cargos a pessoas novas, com ótimas idéias, vai marcar o clube.

Belluzzo está com 65 anos. Na mistura de lar e escritório onde recebeu a Agência Estado, no bairro dos Jardins, em São Paulo, centenas de livros de economia, política e filosofia (em português, inglês, espanhol, francês e alemão) dividem a parede com fotos históricas do Palmeiras. A equipe da Copa Rio de 1951 – agora Mundial de Clubes, segundo a Fifa – tem lugar de destaque.

Há espaço também para a foto de um time de várzea dos anos 60. "Sou eu ali, o terceiro agachado, com a bola", aponta Belluzzo, nostálgico. "Era centroavante. Jogava bem, modéstia à parte. Entendo de bola.

Ele se aproximou do Palmeiras no início dos anos 1990. Foi um dos responsáveis pela parceria com a Parmalat. Afastou-se depois por divergências com Mustafá. Tentou voltar no final de 2002, candidatando-se à presidência. Perdeu para o eterno rival. Mas voltou com força no final de dezembro.

Seu grupo – composto por Gilberto Cipullo e Seraphim del Grande, dentre outros – se associou a Della Monica antes da eleição de janeiro. A união deu certo. Mas a herança de dívidas no departamento de futebol nos últimos dois anos ainda é um fantasma. Só em 2006, o déficit do clube foi de R$ 37,2 milhões, como publicou o Diário Oficial do Estado na semana passada. Em 2005, o déficit foi de R$ 5 milhões.

Com a experiência de já ter trabalhado no Ministério da Fazenda nos anos 80 e na Secretaria do Governo de São Paulo no início dos 90, Belluzzo passou a vida inteira cuidando do dinheiro dos outros. Agora, tenta encher os cofres do clube do coração.

"Os clubes brasileiros ainda não aprenderam a gerar todas as receitas possíveis. O futebol é um esporte apaixonante. Digo sempre que se houver uma crise mundial na economia, o futebol será o negócio menos afetado, porque o cidadão não deixará de torcer pelo seu time no estádio", disse Belluzzo.

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