Banco Popular

O governo Lula desenvolveu alguns projetos sociais. Seria absurdo imaginar que não o fizesse, pois herdou de seu antecessor diversos deles e principalmente porque chegou ao poder com a bandeira da justiça social, de mudar este País, de aplicar uma espécie de socialismo ou regime de esquerda. Realidade que socialismo ou regime de esquerda até agora irreconhecível, tão parecida tem sido esta administração com as que a antecederam. No campo ético, flagrado em diversas irregularidades e mesmo roubalheiras, declarou-se igual aos antecessores. E porque todos os governos teriam praticado as mesmas impropriedades e imoralidades, estaria senão isento de culpa, pelo menos em posição de merecer indulgências.

Neste ponto, tem razão em parte. É certo que corrupção houve em todos os governos, nuns mais e noutros menos. Neste, parece que mais e, se podemos em nome da igualdade tratar com a mesma benevolência os maus, o governo de Lula sai perdendo porque não soube camuflar a infecção generalizada de que foi acometido.

Mas, voltemos aos programas sociais. Um deles, o Fome Zero, parcial e restrito, foi pretexto para mais negociatas e malandragens. Outros houve, um deles o Banco Popular, ligado ao Banco do Brasil, cujo objetivo é dar empréstimos de baixo valor e juros módicos para quem dele precisa para pequenas iniciativas de trabalho. Uma banca de jornais, uma vendinha, uma oficina de fundo de quintal e coisas que tais. E empréstimos pessoais, também limitados, a quem não teria crédito no sistema financeiro regular, onde os juros são extorsivos, impulsionados pelas taxas básicas estabelecidas pelo próprio governo e pelo fato de o poder público ser o principal e grande tomador. Sua procura por dinheiro faz as taxas subirem.

A idéia não pode ser condenada e, se não fizermos uma análise pragmática do sistema financeiro e da inserção do Banco Popular nele, devemos aplaudir o projeto. Mas deu antes e continua dando prejuízo. Esse projeto, como aliás tudo do pouco que o governo tem feito, serve para propaganda, para proselitismo político. Daí o alargamento da clientela além da conta, das dificuldades de controle, seja das carteiras, seja do preço do dinheiro e de suas disponibilidades. E, por ser um projeto de linha de frente, bandeira de propaganda, sempre gastou mais em publicidade do que seria razoável. Concorda-se que um projeto novo como este precisa, no início, gastar mais para sua divulgação. Mas parece que houve exageros.

Agora, decide o governo reduzir a verba de publicidade, orçada em R$ 16 milhões, para R$ 3 milhões. Cortou na carne. As despesas de publicidade, no ano passado, somaram R$ 24 milhões, acima dos R$ 21 milhões emprestados à clientela, o público de baixa renda. E uma empresa do mineiro Marcos Valério foi uma das beneficiárias. Também a carteira de clientes está sendo reduzida, diante dos altos índices de inadimplência. Um crítico mais rigoroso veria em tudo mais uma maracutaia. Ou, no mínimo, uma irresponsabilidade.

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