O aviador Carlos Eduardo Navarro disse hoje, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, que transportou, em 16 de agosto de 2004, o deputado Vadão Gomes (PP-SP) de Fernandópolis, no interior de São Paulo, para Mineiros (GO), onde se localiza o frigorífico do pepista.
O depoimento de Navarro contradiz a versão dada pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e pelo ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT Delúbio Soares, segundo a qual teriam entregue R$ 2,7 milhões para Gomes num hotel na capital paulista, de acordo com a Agência Câmara.
Ele é acusado de receber ao todo R$ 3,7 milhões do suposto esquema do "mensalão". Conforme o aviador, Gomes e um empregado desembarcaram em Mineiros às 14h06 para duas reuniões no frigorífico – uma delas, com funcionários da empresa e outra, com a candidata a prefeita apoiada por ele, cujo nome não soube informar.
O relator do processo, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), pediu a Navarro que envie informações sobre os vôos realizados em 21 de julho e 22 e 30 de agosto de 2004. Torgan afirmou que há alguns dados no processo que não conferem com os prestados por ele.
Entretanto, o relator do processo disse que só decidirá se reconvoca Navarro depois de receber essas informações. O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara encerrou os trabalhos e marcou nova reunião para a terça-feira (04), às 10h30. Na pauta, a votação do parecer do deputado Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) pela cassação do mandato do deputado Josias Gomes (PT-BA). Thame considerou que Josias Gomes feriu o Código de Ética e Decoro Parlamentar por ter recebido recursos do PT por meio de Valério.