TUNING: nova onda ou moda antiga?

Mexido, rebaixado, socado, sonzera, carango, envenenado, invocado … certamente o leitor já ouviu falar destes e de muitos outros termos. Todos eles, juntos, hoje estão associados à nova onda chamada tuning. Essa modalidade não é recente e existe há mais ou menos uns 30 anos, tendo iniciado na década de 70 com outros nomes e características. Nessa época, carros já recebiam pinturas no pára-choque na cor do carro, faróis de neblina no pára-choque dianteiro, lanternas tipo exportação e outras modificações que particularizavam o visual do carro. Porém o termo tuning surgiu atualmente e reúne todos esses tipos de alterações estéticas do veículo.

Afinal, o que é tuning? Inicialmente essa “arte” se limitava a modificações de potência nos motores. Porém, seus proprietários começaram a perceber que um carango com tão boa performance precisavam ter alterações estéticas para dar mais segurança e estabilidade ao veículo. Portanto tuning, hoje em dia, compreende não somente o visual. É um conjunto de potência e personalização estética, que torna o veículo um exemplar único. Porém, as mudanças na aparência prevalecem sobre o “envenenamento” do motor. Toda essa onda tuning tornou-se mais evidente depois do filme Velozes e Furiosos (The fast and the furious, título original), em 2001.

As antigas “lojinhas” de instalação de som e oficinas mecânicas vem se tornando verdadeiros tuning shops. As instaladoras de som, que trabalhavam somente com sonzera, passaram a ser verdadeiras butiques do tuning, fazendo desde aplicações de insulfilm à comercialização de rodas e serviços de pintura e funilaria. As oficinas mecânicas se transformaram em centros de “envenenamento” de motores, com direito a enormes boutiques de peças e acessórios, valorizando dessa forma o trabalho de muitos mecânicos.

Vendo a onda do tuning crescer rapidamente, o Jornal do Automóvel trará toda semana novidades sobre assunto.

Curitiba é a “Capital do Tuning”

Curitiba tornou-se palco dos campeonatos de tuning a partir de 2001, quando surgiram empresas especializadas na realização destes eventos. O empresário Marcelo Preiss, da CTBA Tuning, buscava diariamente informações sobre essas competições, que antes, eram realizadas internacionalmente. Apaixonado pelo tuning, nem sempre era possível viajar para acompanhar tais acontecimentos, até que surgiu a vontade de trazê-los para Curitiba. Além disso, havia também a idéia de fomentar o comércio de peças e acessórios locais com a nova onda que estaria por entrar no cenário nacional. “No início, os donos de lojas de autopeças não se impressionaram muito com o projeto. Mas hoje eles percebem que o tuning é um mercado fortíssimo”, diz Preiss. E foi dessa forma que ele e seus dois sócios começaram a organizar eventos. “Muitos confundem tuning com rachas e a carros sem maiores cuidados de conservação. O nosso objetivo não é esse. Queremos sempre primar pela alta performance aliada à segurança dos carros, além, é claro, do visual muito atrativo dos veículos.” E é com esse impulso que Curitiba está sendo conhecida como a capital do tuning.

De acordo com a origem, os carros têm diferentes particularidades. Nos Estados Unidos, por exemplo, a tendência é que todo o kit externo do carro siga um padrão e tenha funcionalidade. Já na Europa, os veículos são mais agressivos, tanto em performance quanto em estética. No Brasil a tendência é seguir o exemplo europeu.

Existem diversas categorias em que os carros se encaixam, como por exemplo, Carros de Passeio, Pick-Ups e Extreme. Essa última exibe carros extremamente tunados, que normalmente são de ex-participantes de outras categorias, que já chegaram a um estágio avançado de modificação no carango. Nos Estados Unidos existe uma categoria chamada Dub Style, onde se prima mais pela alta performance dos do que pelo visual. Os carros dessa categoria são caracterizados pela utilização de rodas exageradamente grandes em relação às rodas comuns de 15″ a 17″. Além disso, muitas pessoas famosas, como o lutador Mike Tyson e o jogador de basquete Shaquille O?neil, participam dessas categorias expondo seus bólidos.

O julgamento e pontuação dos carros nos campeonatos de tuning são feitos de acordo com a originalidade e dificuldade com que se encontram as peças no País. Ou seja, no início, se julgava pelo valor das peças, que quanto mais alto fossem, mais pontos ganhava o competidor. Com o passar do tempo, os jurados começaram a pontuar as modificações do carro segundo originalidade e dificuldade de se encontrar as peças e acessórios no mercado, além do conjunto estético de tudo isso. E só são contadas as modificações feitas pelos competidores. Tudo que vem original de fábrica não conta ponto. Os eventos organizados pela CTBA Tuning não pontuam o som dos carros. Preiss explica que “existem empresas especializadas em competições de som. Por isso nós resolvemos não invadir essa modalidade.” Mas ele ainda diz que por causa dos muitos pedidos para que o som também fosse julgado, Preiss colocou no regulamento que os sons seriam pontuados apenas pelo acabamento e funcionalidade, e não pela qualidade e potência dos mesmos.

A CTBA Tuning realiza eventos somente em Curitiba, porém, Preiss indica que 70% dos participantes vem de fora. Ele destaca que alguns carros têm algumas particularidades de acordo com a região de origem. Carros que vêm de São Paulo, por exemplo, não possuem rodas tão largas e nem grandes rebaixamentos devido às condições de asfalto em que circulam. Já a maioria dos carros provenientes do Rio Grande do Sul são o oposto, muito baixos e grandes rodas, devido às boas condições de estradas e ruas.

Para os amantes do tuning e para aqueles que são apenas interessados pelo assunto, acontece nos dias 29 e 30 de novembro, a 6.ª edição do ETC, Evento Tuning Car, no Autódromo Internacional de Curitiba.

Fotos: Cassiano Correia/CtbaTuning

Informações: www.ctbatuning.com

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