O Brasil tem testemunhado um notável aumento na popularidade dos veículos 100% elétricos. O acesso a modelos mais acessíveis, com preços a partir de R$ 114 mil, têm democratizado a presença desses automóveis nas ruas brasileiras. No entanto, esse crescimento não ocorreu sem desafios, especialmente no setor de seguros automotivos.
Para Antonio Azevedo, VP de Automóveis da Alper Seguros, até o recente ‘boom’ de vendas, as seguradoras estavam cautelosas em relação ao mercado de carros elétricos, porém a procura tem aumentado bastante. Segundo ele, a falta de familiaridade do público com o pós-venda desses veículos e a incerteza e a natureza dos sinistros contribuíram para uma relutância inicial das seguradoras em oferecer cobertura adequada, mas, hoje o custo do seguro para o comprador é cerca de 10% mais barato que a do carro tradicional, dependendo da seguradora, perfil e da utilização do veículo.
Azevedo destaca que a situação tem mudado uma vez que as grandes seguradoras rapidamente perceberam o potencial desse mercado e que o movimento foi seguido por empresas menores. O executivo destaca que essa diferença de custo do seguro é principalmente atribuída à natureza dos riscos associados aos carros elétricos. Em comparação com os veículos tradicionais, os elétricos enfrentam um risco reduzido de roubo, principal fator agravante do valor em autos. “Esse cenário deve se manter até o roubo passar a ser uma preocupação. Hoje não é interessante roubar um carro elétrico, o ladrão não sabe dirigir o veículo e também não há uma alta demanda por componentes específicos como há nos veículos tradicionais com os motores”, diz.
Além disso, a infraestrutura rodoviária é um grande desafio ao considerar as peculiaridades dos carros elétricos. Muitos dos modelos disponíveis no mercado não foram projetados para as condições das estradas brasileiras, o que resulta em preocupações com danos significativos, especialmente às baterias, localizadas embaixo do veículo e afetadas em situações como passagem por quebra-molas ou buracos. Isso pode levar a custos de reparo substanciais, que, em alguns casos, podem até resultar em perda total do veículo.
Um ponto crucial a se destacar no mercado de seguros para veículos, seja ele elétrico ou a combustão, é que a aceitação por parte das seguradoras é baseada principalmente no perfil do segurado. Isso significa que as mesmas perguntas são feitas independentemente do tipo de carro que se deseja segurar. Além disso, as franquias são estabelecidas com base no valor do carro, geralmente representando um percentual em torno de 5% a 7% na categoria obrigatória e entre 10% a 14% como franquia reduzida.
E se você vai mudar de um carro a combustão para elétrico (ou vice-versa), a questão do bônus não é um problema, pois ela está associada à apólice de seguro e não ao carro em si. Portanto, se um segurado possui um bônus 10 em sua apólice e decide trocar seu carro a combustão por um carro elétrico, o bônus permanece inalterado, pois é vinculado à sua apólice e não ao tipo de veículo.
“Atualmente, o mercado de seguros se preocupa com a bateria do veículo após o fim da garantia oferecida pela montadora. Se o carro ainda estiver coberto, a substituição da bateria não é um problema. No entanto, à medida que o carro envelhece e se aproxima do fim da garantia, a substituição da bateria, que pode representar até 60% do valor do carro, torna-se uma preocupação real”, argumenta o executivo da Alper.
Porém, ele ainda ressalta que há uma preocupação crescente para as seguradoras referente a questão do pós-venda de carros elétricos, pois o desafio é como será segurar efetivamente carros elétricos que estão fora da garantia e têm mais de oito anos, mas a esperança pode estar no desenvolvimento de tecnologias de reciclagem de bateria.
Por fim, Azevedo destaca que o recado para quem for comprar um veículo 100% elétrico é considerar as questões práticas, como infraestrutura de recarga, o fato do carro consumir mais bateria em trechos com elevações, rede de socorro, apólice e tirar todas as dúvidas com seu corretor. (Foto: Alper/Divulgação).