O campo das competições automobilísticas sempre foi povoado predominantemente, em todo o mundo, pelos homens, ou seja, os corajosos pilotos e suas máquinas velozes.
Recorde-se que, foi por volta de 1860 que os “carros sem cavalos” apareceram em cena, na Europa.
Já em 1864 o editor do Le Petit Journal, na França, senhor Griffard, publicou matéria sobre a primeira corrida no mundo, entre as cidades de Paris e Rouen, para carros sem cavalos. Qualquer pessoa poderia participar e ganhar o prêmio de 5.000 francos, desde que o seu carro não oferecesse perigo de vida ou ferimentos, fosse fácil de manejar e que não custasse muito caro.
Entre os 102 competidores havia carros movidos a gasolina, vapor, gás, querosene, ar comprimido, pedal e outros sistemas mecânicos. A largada foi no dia 23 de junho daquele ano. Somente 21 veículos atingiram velocidade superior a 12 quilometros por hora e o vencedor, com média de 18 quilometros por hora, no tempo de 6,00 horas, foi um De Dion a vapor, dirigido pelo Conde do mesmo nome.
Mas, o carro do Conde foi desclassificado por questão de segurança e manejo insatisfatórios e o vencedor passou a ser um carro Peugeot, movido a gasolina. No caso da competição automobilística praticada em Curitiba desde a década de 1950 e denominada arrancada então, nem se fala na presença de mulheres. É coisa rara, mesmo em outros países.
No Brasil, com a rápida e recente evolução desse esporte, que atrai multidões aos autódromos, a imprensa especializada começou a dar destaque a uma ou duas mulheres, esposas de pilotos de arrancada, que ingressaram nesse esporte certamente incentivadas pelos seus maridos.
Assim sendo, nós entendemos que devemos dar destaque também a uma simpática senhora, sim, uma senhora que, segundo ela mesma, já está com “cinquenta e uns” anos de idade, bastante esquecida da imprensa, pela sua dedicação e perseverança na prática do automobilismo de arrancada.
A senhora Genilda S. J. Franco, curitibana, aposentada, esposa do senhor Àlvaro e mãe de Fabrício, participa das arrancadas desde 2004, quando competiu em pista de terra de São José dos Pinhais/PR.
De lá para cá, já competiu com os “marmanjos” em pistas das cidades de Ponta Grossa, Araucária e Curitiba/PR e Joinville, Fraiburgo, Florianópolis, Lajes, Santa Cecília, Itajaí, Mafra e Brusque/SC.
Primeiro ela pilotava um Volkswagen Voyage e agora compete com um Wolkswagen Gol, na categoria Turbo C, colecionando troféus. No recente XVI Festival Brasileiro de Arrancada, no Autódromo de Pinhais/PR, lá estava ela alinhando seu carro na largada, preparado pelos próprios marido e filho, que lhe dão apoio total.
No domingo, tirando o macacão protetor, ela dizia: “Quebrei a caixa de câmbio duas vezes, na quinta e na sexta-feira, mas, faço aquilo que gosto, que é a velocidade, a disputa, o desafio. Esse é o meu carro de trabalho, de passeio e de viagem.”
É bom que se diga também que a senhora Genilda não tem patrocinador, arcando com toda a despesa dessa sua atividade. Mas, quem sabe, para 2010, se não surge algum patrocinador ou patrocinadora? Parabéns, senhora Genilda, pela sua tenacidade!


