feito pra desfilar

Não tem como negar. O Audi A4 chama a atenção por onde passa. A reestilização feita pela fábrica alemã deixou o seu carro familiar com um jeitão mais requintado. Passa a impressão de ser mais do que realmente é. Detalhes que justificam o investimento das montadoras em design.

Passei quatro bons dias com o A4. Um modelo intermediário da linha, com motor 1.8 turbo e maquiagem “sport”. E o “T” grafado lá na traseira faz diferença. Até que garante uma certa emoção. Não cobre toda a expectativa do leigo, que imagina ser todo turbinado um avião a engolir o asfalto. Mas os 163 cavalos que o motor oferece cumprem o seu papel. Aí você pergunta: e pra que mais? Ora, pura adrenalina.

O pacote tecnológico embarcado garante segurança. O alemão tem praticamente tudo. Uma sopa de letrinhas, composta por ABS, EDB, ESP e coisas do gênero. Dirigir se torna fácil, já que os computadores se responsabilizam em parte pelos momentos de insanidade. É só entrar mais jogado numa curva que o triângulo amarelo do controle de estabilidade acende no painel. Neste momento dá uma pontinha de orgulho: “Consegui levar o carro ao limite”.

É claro que o motorista do dia-a-dia não vai sair por aí pisando fundo, tentando provocar o aparato eletrônico. Neste caso, é bom lembrar que o A4 oferece, de série, quatro air-bags. Além dos tradicionais, para motorista e passageiro, dois laterais completam o pacote.

Calçado por rodas aro 16 e pneus de perfil baixo, ele gruda no chão. O preço é a perda do conforto, pois a suspensão tem uma calibragem bem rígida. Mas nada que atrapalhe a tocada cotidiana. É coisa de alemão mesmo, que prefere transmitir a sensação de esportividade.

A grande vedete deste Audi é o câmbio Multitronic. Confesso ser um admirador de câmbios automáticos, mas este me surpreendeu. As engrenagens são substituídas por duas polias, ligadas por uma corrente. Traduzindo: não existem as tradicionais relações de marchas. A relação é constantemente adaptada à exigência imposta pelo motorista. Assim, andando na cidade, o ponteiro da velocidade avança com rapidez e o contagiros fica estacionado em 1.500 rpm. Isso mesmo. Enquanto o motor despeja potência para mover o carro, o câmbio trabalha sem parar, garantindo um conforto sem igual, sem prejudicar o desempenho, calcanhar-de- aquiles dos automáticos tradicionais. Com esta fórmula, o Multitronic consegue até ser mais rápido que uma transmissão mecânica.

Para os puritanos, existe a opção “tiptronic”. Neste caso, seis relações virtuais são selecionadas e o motorista controla as trocas na manopla. Quer uma dica? Deixe o Multitronic trabalhar sozinho. Além do conforto garantido, o resultado final é melhor, já que a transmissão leva o carro ao limite, sem que você precise se preocupar.

Mas nem tudo é festa. O motor leva algum tempo para encher de verdade. Arrancando num sinaleiro, você sente que perde alguns segundos até engrenar totalmente. A falha pode ser creditada ao turbo, pois antes de entrar em funcionamento, a turbina é um peso a roubar potência, até que os gases do escapamento a empurrem com vigor, a partir dos 2 mil giros. Aliás, ela trabalha com 0,5 bar de pressão, atingindo 0,6 a partir de 2.500 rpm, nas aceleradas mais fortes. Aí, é só segurar firme no volante e se divertir.

Uma usina de força, silenciosa!

Vamos deixar de lado o acabamento para pisar no acelerador. Ao virar a chave, quase não se ouve o motor entrando em funcionamento. O silêncio da marcha lenta só é quebrado quando o 1.8 turbo é provocado. Aí a usina grita e empurra com vontade. Não é aquele coice sentido em outros turbinados, como o S3, por exemplo, que é mais leve e oferece 225 cv. Mas garante um certo prazer.

Neste momento, mantenha o rádio desligado. É mais emocionante pilotar ouvindo o zumbido da turbina, que tempera o ronco do motor, bastante singular. Como não há trocas de marchas, a esticada é uma só. De 0 a 100 km/h a impressão real é de estar dirigindo um carro que tem apenas uma marcha. Nesta arrancada, o A4 engole o asfalto e atinge a marca em 8,6 segundos, com o ronco grave invadindo o habitáculo. A velocidade máxima, segundo a fábrica, é de 223 km/h.

Enquanto você acelera, os diversos sensores eletrônicos “conversam” entre si, para garantir o reparo instantâneo dos excessos provocados pela ousadia do motorista. Numa frenagem de emergência, por exemplo, sistemas eletrônicos entram em ação exercendo uma carga superior nos discos, tudo isso sem travar as rodas, fazendo o bólido parar no menor espaço possível. (RT)

Olho clínico

Para um carro que custa quase R$ 160 mil, o Audi A4 1.8 turbo deixa a desejar em alguns aspectos. A unidade testada não oferecia, por exemplo, teto solar, piloto automático e regulagem elétrica dos bancos. Este último mimo ainda é oferecido como opcional. Mas quem quiser teto e piloto automático vai ter que escolher outro modelo. Mais caro, é óbvio.

Os bancos privilegiam uma acomodação mais esportiva, ou seja, não são tão confortáveis. Duros, integram a ergonomia que se completa com a posição do volante e o fácil acesso aos comandos essenciais.

É fácil se encaixar na cabine e fazer do carro uma continuação de seus membros.

Outro detalhe que decepciona é o controle de levantamento dos vidros elétricos. É preciso fechar todos antes de sair do carro, já que o controle que trava as portas, incorporado na chave, não possui o módulo que comanda esse fechamento.

Os materiais de acabamento são aplicados com primor.

Não se encontram rebarbas ou falhas no encaixe dos módulos mas falta qualidade em alguns aspectos. Na unidade testada, aquela faixa que normalmente é de madeira nos carros dessa categoria, era de plástico preto. Um tipo de plástico também reveste o pára-sol. São poucos dólares de economia que podem irritar o comprador mais exigente. (RT)

Detalhes do carango

Motor:

Dianteiro, 4 cilindros em linha, 20 válvulas, turbo

Cilindrada:

1.781 cm3

Potência:

163 cv a 5.700 rpm

Torque:

22,5 kgfm a 4.700 rpm

Câmbio:

Automático, de variação contínua

Carroceria

Comprimento

: 4,48m. Largura: 1,85m

Peso:

1.455kg

Tanque de combustível:

60 l

Suspensão: Dianteira:

independente, duplos braços sobrepostos com barra. Traseira: independente, com barra estabilizadora

Freios:

Discos nas 4 rodas, com ABS, ESP e EDB

Direção:

Hidráulica, progressiva, tipo pinhão e cremalheira

Rodas e pneus: Alumínio, aro 16; Bridgestone Potenza 205/55 R16

Principais equipamentos de série: Vidros elétricos, airbag duplo frontal ,airbags laterais, ajuste manual de altura dos faróis, imobilizador eletrônico, alarme antifurto, ar-condicionado automático digital, bancos revestidos de couro sintético, sistema de trava central acionada por controle remoto, computador de bordo, espelho retrovisor interno com função antiofuscante, CD de painel.

Opcionais:

Ajuste elétrico dos bancos dianteiros, CD Changer, detalhes de acabamento em madeira, Servotronic-Plus, farol xenon, lavador e ajuste automático de altura dos faróis, sistema de som Bose.

Voltar ao topo