Empresa MV Agusta cria ícones sobre duas rodas

Visionário, Claudio Castiglioni, presidente da MV Agusta, falecido no ano passado, vítima de uma grave doença, transformava sonhos em ícones de duas rodas. Sua principal obra de arte foi a F4, superesportiva de 1000 cm3 de capacidade cúbica e design futurista. Hoje quem comanda a empresa é seu filho Giovanni.

Preparado para dar novos rumos à companhia com a adoção de uma nova filosofia de trabalho, o jovem executivo de 32 anos tem como principal objetivo popularizar modelos da Casa de Varese. E, consequentemente, ampliar a participação de mercado da MV Agusta em todo o mundo. Para iniciar esta missão foi escolhida a Brutale 675. Com um novo motor de três cilindros, a naked é a porta de entrada da marca em outros mercados além do europeu como, por exemplo, Estados Unidos, Ásia e futuramente o Brasil. Isso mesmo, a “B3”, tradução de Brutale três cilindros, desembarcará no Brasil em meados de 2013.

Por isso, a equipe da Agência INFOMOTO foi até Varese, norte da Itália, onde fica o QG da MV Agusta para testar, com exclusividade, a caçula da linha Brutale.

Qualidade nos detalhes

Logo que chegamos a MV Agusta, a moto nas cores vermelho e prata já estava pronta para o teste: lavada, passada e “engomada”. De estilo único, a B3 chama a atenção pelas linhas modernas e pela alta qualidade no acabamento. Destaques para a curta distância entre-eixos, quadro de alumínio em treliça, ponteiras de escape com três saídas do lado direito e rodas de liga leve. Com este visual radical e ao mesmo tempo requintado, a MV Agusta Brutale 675 tem atraído muitos admiradores só pelo olhar, principalmente os motociclistas mais jovens, que querem um produto diferenciado.

Quando o piloto sobe na moto, dá o “start” e começa a rodar, a impressão que se tem é que a naked italiana foi feita para você. Em função do desenho da moto e posicionamento do guidão e das pedaleiras, a ergonomia beira a perfeição. Mas o ponto alto mesmo é de como o piloto “veste” a moto. As pernas encaixam-se bem no tanque de combustível, parece que os joelhos vão se encontrar sob o reservatório de gasolina e os pés ficam confortavelmente posicionados nas pedaleiras. O banco é bem estreito, mais racing que street. Assim, o piloto se torna parte integrante da máquina, com o corpo levemente inclinado à frente.

Com 810 mm de altura do assento, qualquer motociclista com 1,70m de altura tem condições de colocar os pés no chão sem maiores problemas. Já pilotos com mais de 1,80 m sentirão certo desconforto ao se encaixarem na moto. Senti um pouco de dificuldade para manobrar a moto em baixa velocidade.

O ângulo de esterço é reduzido e o motociclista sofre um pouco para estacionar a B3. Por outro lado, a moto tem apenas 167 kg a seco que, aliado ao entre-eixos curto, lhe conferem, muita maneabilidade em movimento.

Motor elástico

Em 12 anos no mercado de duas rodas, tive oportunidade de pilotar várias motos equipadas com motores três cilindros, como os modelos da Triumph e Benelli. A principal característica desses propulsores é oferecer torque desde as baixas rotações, como em um “V-Twin”; mas esbanjando potência como nos modelos de quatro cilindros em linha. Resumindo: o compacto e elástico motor de três cilindros em linha da Brutale 675 oferece o melhor dos dois mundos.

A moto traz curvas de potência e torque bastante amplas, o que lhe garante facilidade na condução diária, sem deixar de lado desempenho esportivo em uma estrada ou pista. Ideal para uma estrada travada, cheia de curvas de média e alta velocidade. Portanto, trata-se de uma moto gostosa e divertida para girar o acelerador com vontade em uma saída de curva e que também pode ser a companheira perfeita para um bate e volta de final de semana. Emoção, com certeza, não vai faltar.

O motor da “Brutalina” gera potência máxima de 110 cv a 12.500 rpm e torque máximo de 6,63 kgm.f a 12.000 rpm. Na prática, a brincadeira começa a 4.000 rpm. Entre 7.000 e 8.000 rpm o uso é bastante racional. A partir das 10.000 rpm a diversão está garantida, com um comportamento radical quase insano. Nessas altas faixas de giro, a naked italiana se transforma numa esportiva. É bastante potência para um motor de 675 cc. Porém, com pouca vibração.

Para auxiliar no bom rendimento do motor, as respostas são instantâneas em função do acelerador eletrônico (ride-by-wire). A B3 traz ainda acionamento da embreagem macio e o câmbio de seis velocidades oferece engates suaves e precisos. Outro diferencial da Brutale 675 é a adoção da tecnologia MVICS (Motor & Vehicle Integrated Control System), que confere quatro configurações de gerenciamento do motor – rain, sport, normal e personalizado – e oito níveis de acionamento do controle de tração.

Ciclística

No resumo da ópera, a B3 é estável, fácil de pilotar e oferece uma extrema facilidade para mudança de direções. Na Europa, a Brutale 675 está disponível em três cores: vermelho/prata, branco / dourado e cinza / preto. Com preço a partir de 8.990 Euros. No Brasil, o modelo deve chegar em 2013, via Dafra Motos. Até lá, o produto passará por várias etapas para sua homologação final e liberação para ser comercializada em território nacional.

Por enquanto, só nos resta esperar para ter nas mãos as sensações oferecidas pela B3. E, principalmente, esperar que seu preço fique não exceda casa dos R$ 40 mil, levando-se em consideração o que é cobrado por ela no exterior e o valor de suas concorrentes no Brasil.