Carro usado: não compre gato por lebre

Na loja, tudo maravilhoso. Um modelo de dois anos atrás, baixa quilometragem, bonito e aparentemente bem conservado.

Mas foi só pegar uma ladeira para o carro se revelar um fracote. “Por isso é importante testar o carro em várias situações.

Eu não fiz isso na hora de comprar e depois tive um trabalhão para desfazer o negócio”, lembra o comerciante Marcelo Lima Silveira, de São Paulo, que passou pelo apuro há dois anos.

Por mais observador que o comprador seja, na hora de comprar um usado alguns detalhes podem escapar. Por isso, levar o carro a um mecânico de confiança e testá-lo em condições diferentes na rua pode fazer bastante diferença.

“Se a aparência está péssima, pode ter certeza que o dono anterior não foi muito cuidadoso com o carro em geral”, afirma Jorge Roberto Pires, com 30 anos de experiência em compra e venda de carros usados.

Outro profissional que deve participar do processo é o despachante, para verificar se o objeto de compra não é um modelo clonado e um poço de multas vencidas. Veja algumas dicas para comprar um carro, e não um problema:

Pintura e carroceria

– Diferenças na coloração indicam que a carroceria já foi reparada;
– Para identificar a presença de massa plástica, envolva um imã em um pedaço de tecido (para não arranhar) e passe na lataria – se o imã se soltar, tem massa ali;
– Procure por bolhas ou marcas de ferrugem, principalmente perto das borrachas e nas extremidades;
– Observe se as portas fecham corretamente. Se o encaixe não for perfeito, é porque o carro já bateu;
– Outro sinal de avaria é o amassado no friso acima da porta. Um defeito ali pode significar que o carro já capotou.

Motor

– Verifique se não há ruídos estranhos e se a fumaça que sai do escapamento é clara;
– Pise no freio com o carro ligado em ponto morto: se o pedal não abaixar rapidamente, há algum problema.

Interior

– Confira a quilometragem e veja se o estado do revestimento do volante e das borrachas dos pedais combina com a quantidade de quilômetros que consta no carro;
– Cheque o funcionamento do limpador de para-brisa, das setas sinalizadoras, dos vidros elétricos e dos faróis. Se houver equipamento de som, teste também;
– Considere o estado geral do estofado e o cheiro de carro. Odor de mofo persistente pode significar que o carro passou por uma enchente;
– Confira os retrovisores, espelhos, porta-luvas e extintor de incêndio. Abra o porta-malas e veja as condições do estepe, macaco, triângulo e chave de roda.

Pneus

– Não podem estar carecas, nem desgastados de forma diferente nos quatro eixos, o que significa que um lado está puxando mais do que o outro;
– Verifique os amortecedores, pressionando cada eixo com as duas mãos e observando o retorno do movimento – o carro deve voltar uma só vez, sem ficar balançando.

Documentação

– O número do chassi deve ser o mesmo em todos os vidros;
– Verifique se o proprietário fez as revisões previstas (elas são anotadas no manual do veículo).

Ajuda profissional

Um mecânico deve verificar no carro:
– O estado geral do motor, o nível de óleo, e as condições da ventoinha, cabos e correias;
– A situação do filtro de ar e do líquido de refrigeração
– O funcionamento dos sistemas de suspensão, freios e direção hidráulica.

O despachante pode conferir:
– Multas e pendências do veículo;
– Se não se trata de um carro clonado.