Antigomobilismo contado em histórias

No universo da história da indústria automobilística internacional nos deparamos com fatos bastante curiosos, os quais, hoje, parecem brincadeira, mas, que na época em que ocorreram eram coisa séria.

O fato que vamos narrar saiu do fundo do baú das histórias de um dos mais abalizados “experts” sobre antigomobilismo no Brasil, o saudoso Francisco Asevedo, curitibano que era uma verdadeira enciclopédia ambulante nesta área e motivo da criação do Troféu Francisco Asevedo por parte dos organizadores do Encontro de Carros Antigos de Canela. Isto, no Rio Grande do Sul. E em Curitiba?

No ano de 1901, na cidade de Huntingburg, Estado de Indiana/EUA, foi fabricado um automóvel que levava como marca o mesmo nome Huntingburg. O veículo possuía motor movido a gasolina de apenas 1 cilindro, instalado sob o assento dianteiro. O curioso era que o automóvel vinha de fábrica com dois acessórios: um calço confeccionado em ferro fundido e um chicote feito em couro.

O calço de ferro era preso ao chassi do veículo por uma delicada corrente e servia para ser colocado debaixo de uma de suas rodas, sobretudo por ocasião do estacionamento em ladeiras íngremes.

Segundo o próprio Asevedo, era uma espécie de âncora terrestre e de grande utilidade em caso de perigo, o que, por outro lado, denunciava que nem o próprio fabricante do carro confiava nos freios deste. Evitava assim que o “chauffer” saísse atrás de uma pedra adequada, muitas vezes difícil de se encontrar.

E o chicote de couro para que servia? Bem, aí temos que abordar outro fato, que é aquele relativo ao “porquê”. Os cachorros costumam correr atrás e latir quando passa por eles um veículo barulhento, seja motocicleta, carro ou outro qualquer.

Qual o motorista ou motociclista que já não passou por essa experiência? Pois é, além de que veículo motorizado era “coisa do outro mundo” na época, mesmo nos Estados Unidos da América do Norte, certamente o Huntingburg era tão barulhento e lento que despertava a ira dos cachorros, os quais saíam a correr e latir atrás daquele “bicho”, aterrorizando a vida dos “chauffers”! Portanto, o chicote era para ser usado pelos condutores a fim de espantar os animais que infestavam as ruas.

De outra forma, com base nessa história podemos deduzir que não é de hoje que os cachorros correm atrás de carros e motocicletas, mas desde o início do século XX.