Atraso prejudica obras dos 450 anos de São Paulo

São Paulo, 07 (AE) – A cidade ainda não recebeu parte dos presentes prometidos nas comemorações de seus 450 anos, em janeiro. Seis das 12 principais obras previstas tiveram seu andamento comprometido ou nem foram iniciadas. É o caso do projeto mais emblemático, o Museu da Cidade, que deveria ser entregue à população em setembro, mas por enquanto não saiu do papel.

O futuro museu funcionará no Palácio das Indústrias, onde estava alojada a Prefeitura até a mudança para o Banespinha. O prédio vai abrigar de documentos sobre a fundação da cidade a peças que hoje estão nas casas, nas lojas e até nas bancas de camelô. Também será o núcleo central do Sistema Municipal de Museus.

Esse que vai ser um espaço para estudo, documentação e exposições temporárias sobre a cidade só deve estar disponível no ano que vem. A Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) acredita que as obras comecem ainda este ano, apesar de o edital para a licitação não estar pronto.

Outra obra ainda não concluída é a da reurbanização do Parque D. Pedro II, bem na frente do Palácio das Indústrias. Lá, os trabalhos já foram iniciados, mas o prazo previsto estourou. Segundo cronograma divulgado na época das comemorações, a área deveria ser entregue no primeiro semestre.

Também ficou fora do prazo a reforma do Mercado Municipal, prevista para acabar em maio. O ritmo das obras está acelerado para garantir a entrega até o fim de agosto, previsão divulgada ontem pela prefeita Marta Suplicy, durante visita ao mercadão.

Marta informou que, depois disso, começará o processo de concessão dos novos espaços à iniciativa privada. “A idéia é que restaurantes venham para cá e dêem cara nova ao mercado.”

Com a reforma, o prédio vai ganhar um mezanino com cerca de 2 mil metros quadrados. A estrutura já está pronta, faltando apenas o acabamento. Também já foi construído o piso subsolo, onde ficarão os banheiros e fraldário públicos, os vestiários dos funcionários e a casa de máquinas. A fiação passou a ser subterrânea.

A Prefeitura informa que obra foi orçada em R$ 25 milhões – R$ 14 milhões já gastos. A oposição contesta. Diz que por enquanto foram empenhados quase R$ 45 milhões para o mercado. Desse total, R$ 15 milhões saíram da verba destinada à reforma da Biblioteca Mário de Andrade. “O remanejamento foi indevido. É um mau uso do orçamento aprovado pela Câmara”, diz o vereador Ricardo Montoro (PSDB).

Na biblioteca ainda não foram feitas a ampliação da sala de leitura, o café e a abertura de uma nova entrada para a Praça D. José de Barros. A Prefeitura realizou, no entanto, benfeitorias como a reforma da rede hidráulica. A Galeria Cultural Olido, com salas de cinema, auditórios e locais para exposições também passou do prazo. Deveria ter ficado pronta no fim do primeiro semestre. A Secretaria Municipal da Cultura não respondeu em que estágio se encontra a obra.

BID – Por trás dos atrasos está a demora na aprovação pelo Senado do empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Essas obras no centro estavam atreladas a recursos que totalizam US$ 100 milhões para investimento na capital. As verbas só receberam aval dos senadores no dia 2 de junho.

A proximidade da chegada dos recursos já anima quem trabalha com a revitalização do centro. “A demora em algumas obras frustrou nossas expectativas, mas eles (a Prefeitura) sentiram a mesma coisa”, diz o presidente da Diretoria Executiva da Associação Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida. “Ninguém esperava um atraso como esses para a aprovação do Senado.” Almeida ressalta que a Prefeitura fez a sua parte por enquanto, adiantando alguns trabalhos com a contrapartida ao empréstimo do BID.

O estouro dos prazos não trará prejuízos ao turismo na cidade, segundo o presidente da Diretoria Executiva do São Paulo Convention & Visitors Bureau, Roberto Gheler. “Quem veio aqui nos 450 anos ficou entusiasmado com as obras. No curto prazo, os atrasos não atrapalham em nada.”

Planetário – Parceria da Prefeitura com a Telefônica, o Planetário do Parque do Carmo só será aberto ao público em novembro, quatro meses depois do previsto. Segundo a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, a concretagem do edifício foi prejudicada por chuvas fora de época em São Paulo, causando o atraso. Através da sua Assessoria de Imprensa, a Telefônica afirmou que as obras civis estarão concluídas em 30 dias.

O Parque do Ibirapuera terá suas três obras comemorativas dos 450 anos entregues nas datas previstas. O Museu Afro-Brasil será inaugurado em setembro, o auditório e teatro Oscar Niemeyer, em novembro e o Planetário, em dezembro.

A entrega ao público do Parque da Independência, no dia 7 de setembro, também está garantida, segundo a Secretaria do Verde. Ainda de acordo com a pasta, o número de operários dedicados ao trabalho foi aumentado, para driblar problemas durante a execução das obras. A reforma está sob responsabilidade do Banco Real, que deverá realizar a restauração do Monumento à Independência, das fontes, dos chafarizes e do jardim.

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