Por ser considerada área de grande risco na exploração e violência sexual contra crianças e adolescentes – por estar numa região de tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina – a cidade de Foz do Iguaçu recebe atenção especial do governo federal brasileiro através do Programa Sentinela.

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O Programa é uma parceria entre os governos federal, estadual e municipal para atende crianças e adolescentes vítimas dessa violência. No Paraná é gerido pela Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social – SETP. Ele é desenvolvido através de conjuntos articulados entre governo e sociedade para atendimento ao público.

Em Foz do Iguaçu o programa é um exemplo do funcionamento efetivo dessa parceria entre governo e sociedade. ?Aqui nós temos desde 2001 o que chamamos de Rede Local de Atendimento, integrada por diversas entidades civis e ONGs, com apoio do governo e de instituições comprometidas socialmente. É uma ação pioneira no Brasil?, declara a chefe da Secretaria em Foz do Iguaçu, Maria Zeneide Nodari. ?Essa Rede oferece toda estrutura de atendimento às vítimas de violência sexual e para sua família, buscando sempre a reestruturação familiar, a reinserção da criança na sociedade e a conscientização da população para o combate à violência e exploração sexual desse público?, explica ela.

O programa Sentinela em Foz do Iguaçu estava parado para reestruturação da equipe entre janeiro e abril deste ano. No começo de abril retomou suas atividades e tem uma meta de atender 80 novos casos até dezembro de 2005, além de continuar prestando assistência às 317 vítimas que já vinham recebendo atendimento.

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Uma pesquisa de amostragem realizada em 2001 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (IPEC) estimou que mais de três mil crianças e adolescentes fazem parte do quadro de vítimas de exploração sexual comercial na região de fronteira entre os três países. ?É uma região onde o combate se torna mais difícil, por depender da colaboração dos três países no combate à essa violência. A Rede é um caminho para essa aliança, já que alcança diversas esferas sociais nos três países?, declara o secretário Padre Roque Zimmermann.

Rede Local de Atendimento

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) promoveu em 2001 um encontro que resultou na união de organizações governamentais e não-governamentais e entidades civis numa Rede Local de Atendimento às Crianças e Adolescentes em Situação de Exploração Sexual Comercial.

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Em janeiro de 2005, o Programa Acordar, dentro dessa Rede, começou a ser desenvolvido por quatro parceiras, que atuam em cinco focos de Foz do Iguaçu, identificados como de maior risco de exploração sexual de crianças e adolescentes: Três Lagoas, Cidade Nova, Morumbi, Porto Meira e centro.

O Programa começa o atendimento com uma psicóloga e uma assistente social visitando a casa das vítimas, iniciando um resgate familiar. Os casos encaminhados ao Sentinela da cidade são levados para a Rede onde todas as entidades integrantes conhecem o caso.

Através das quatro parceiras, Casa do Teatro; Fundação Nosso Lar; Núcleo de Ação Solidária à Aids e Sociedade Civil Nossa Senhora Aparecida – SCNSA, a Rede Local de Atendimento oferece atividades culturais, acompanhamento terapêutico para as vítimas e suas famílias, atendimento de saúde e oficinas profissionalizantes para jovens e adultos, facilitando o ingresso no mercado de trabalho.

Na Casa do Teatro as crianças e adolescentes encontram aulas de teatro, dança e circo. É o local onde elas buscam uma motivação para superar os traumas. A auto-estima é incentivada com terapias familiares, individuais, comunitários e de grupos que a Fundação Nosso Lar desenvolve junto às vítimas. A SCNSA oferece estrutura de atendimento médico e o Núcleo de Ação Solidária à Aids e o Sentinela trabalham na conscientização de denúncia e combate à violência e exploração sexual infanto-juvenil.

Além dos parceiros, o Programa Acordar recebe o apoio da OIT, da Itaipu Binacional e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, que ajudam com recursos financeiros, estrutura e de materiais de trabalho.

A campanha de Combate ao Abuso e Comércio Sexual de Crianças e Adolescentes conta também com a parceira de redes de hotéis, restaurantes e lanchonetes, além de aeroportos e rodoviárias, por serem locais que concentram turistas e, conseqüentemente, há a maior possibilidade de existir o turismo sexual. Adesivos e cartazes identificam esses locais como parceiros dessa causa.

Em Foz do Iguaçu, o telefone para denúncias é o 0800-6438111. Pessoas de todo o Brasil podem ligar para o 0800 451407 ? que é o telefone do SOS Criança.