Aprendendo a governar

O PT principalmente, e alguns partidos aliados, estão aprendendo a governar. Poucos são os integrantes do novo governo com alguma experiência administrativa importante. E a alguns, falta inclusive experiência política. Isso não é o essencialíssimo, pois é preciso, antes de mais nada, ter boas idéias, boas intenções, objetivos claros e vontade política. A prática pode vir depois, mas não de forma tardia. Mal assumiu o novo governo e ministros e outras autoridades saíram dando declarações sobre assuntos de larga e profunda importância, de forma precipitada, sem traduzir nem o pensamento do governo nem a vontade da sociedade. Aconteceu, por exemplo, com o ministro da Previdência e o ministro do Trabalho. Em ambos os casos, foram repreendidos, ou pelo menos represados.

Lula, que se tem demonstrado menos afoito, há poucos dias reuniu a turma e criticou a forma como vem sendo tratada a reforma da Previdência. Advertiu que é hora de ouvir e não de sair falando que deve ser feito isto ou aquilo.

Mostrou sabedoria, pois embora toda a nação saiba que uma reforma do sistema previdenciário brasileiro é indispensável, existem vários caminhos a percorrer, muitos interesses contrariados em alguns dos projetos que já circulam por aí e nenhuma oferta de vantagens, nem mesmo para a massa trabalhadora que mais é preciso atender. A seguir o debate na forma como se desenvolveu até agora, caminhamos para um engavetamento da proposta no Congresso, se não a rejeição. Isto porque tudo o que se está dizendo significa reduzir os ganhos dos que mais percebem e nada dar aos que penam com aposentadorias irrisórias.

Sobre as pensões, por enquanto nada se disse e não é de se imaginar que o governo venha a propor a miserabilização de milhões de viúvas, a maioria velhinhas e não poucas ganhando proventos irrisórios. Gente que não mais tem idade para beneficiar-se de uma aposentadoria complementar.

No caminho está, ainda, o salário mínimo que condiciona os benefícios da Previdência. Deveria subir dos atuais R$ 200,00 para R$ 211,00 mensais. Já se admite, agora, R$ 240,00, importância também pequena e condicionante das aposentadorias e pensões pagas pelo INSS. Esse valor era proposto pelos petistas que ameaçaram abandoná-lo por uma importância menor, até que a atual oposição, liderada pelo PSDB, abraçou a causa e tudo indica que esse será o número a ser aprovado.

A reforma tributária, que também é prioridade do governo Lula, também começa com a criação de um ambiente hostil, na medida em que o governo decide não atualizar o limite do Imposto de Renda. Isto causa empobrecimento dos contribuintes, embora o PT tenha, por anos, pregado esse ato de justiça fiscal. Já se fala em eternizar a CPMF que, embora provisória, já está vigindo como se imposto fosse.

A seguir esse método de falar demais e antes da formulação de projetos concretos, o que Lula condena expressamente, quando alguma proposta for realmente apresentada, já terá plantado tantos inimigos que seu destino será a rejeição ou o engavetamento. Acabam de fazer um manual de comportamento dos deputados federais petistas diante da imprensa, com recomendações que parecem uma verdadeira “lei da mordaça”, além de ensinamentos primários sobre os contatos com os meios de comunicação. Talvez seja hora de fazer algo da mesma natureza e ainda mais amplo e profundo, para os membros do governo, pois a gente não quer que ele se perca pela língua.

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