Após 40 horas , termina greve de ônibus em São Paulo

Bastaram 90 minutos diante da juíza do Trabalho Vânia Paranhos para que motoristas, empresários e a Prefeitura de São Paulo chegassem a um acordo para pôr fim à greve de ônibus, hoje. Depois de 40 horas de paralisação, 113 carros depredados e cerca de 4 milhões de passageiros prejudicados, o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, deixou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) com ar de vitorioso. “Ficou claro que era uma greve política.”

Mas a mobilização dos motoristas para a volta ao trabalho não foi tão eficiente quanto a realizada para a paralisação. Às 20 horas, 14 terminais continuavam fechados e só 10% da frota circulava. Revoltada por ter de pagar outra passagem porque o Terminal D. Pedro estava fechado, a população depredou dois ônibus e ateou fogo em caixas, bloqueando vias. Policiais liberaram uma das ruas e usaram extintores para conter o fogo.

Mais cedo, na sala de conciliação do TRT, Tatto explicou à prefeita Marta Suplicy (PT), de férias em Paris, a situação da cidade. Empresários e trabalhadores não admitiam que a licitação do novo sistema de transporte tivesse relação com a paralisação. Mas Tatto afirmou que, a portas fechadas, um e outro grupo pediram que o processo fosse adiado. Ninguém admitiu, mas a ameaça do Ministério Público – que considerou a greve um locaute – de pedir que empresários e sindicalistas respondessem por prejuízos acabou facilitando o acordo.

Na pauta oficial de reivindicações da categoria, no entanto, a única referência ao novo modelo proposto pela Prefeitura era a preocupação de que as vencedoras da concorrência não mantivessem os trabalhadores. Os vales atrasados em algumas empresas serão entregues em 48 horas. Os passivos trabalhistas vão ser discutidos amanhã em reuniões de empresários, trabalhadores e Prefeitura, intermediadas pelo MP.

Além disso, a juíza exigiu – já se antecipando a novas discussões que possam surgir nos próximo dias – que empresários e trabalhadores negociem a data para o pagamento do salário de janeiro. “Sem greve, que a cidade não agüenta mais”, disse.

A São Paulo Transporte (SPTrans) se comprometeu a assumir, em 48 horas, a operação das linhas operadas pela América do Sul. No fim de semana, após o vencimento do contrato de emergência com as viações, que não foi renovado, o dono da empresa devolveu suas linhas.

O assessor jurídico do Transurb, Antônio Roberto Pavani Júnior, disse que o fim da greve agradou aos empresários. Eles e os funcionários não vão ter, segundo a procuradora do Trabalho, Laura Martins de Andrade, de pagar multas por desobedecer à ordem judicial de manter pelo menos 60% da frota em circulação de R$ 50 mil por dia.

Pavani Jr., porém, criticou a solução da SPTrans para o caso da América do Sul. “Não se pode tirar dinheiro do sistema, senão as outras empresas vão pagar pelas quebradas.” Tatto comemorou. “Os empresários foram penalizados, porque o dinheiro vai sair do sistema.”

Pavani Jr. não aceita isso nem as acusações de locaute. “Não houve qualquer tipo de greve política, mas uma paralisação de motoristas.” O presidente do Sindicato dos Motoristas, Edivaldo Santiago, seguiu na mesma linha. “Como podem dizer que foi combinado se denunciamos irregularidades das empresas?”

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