A Agência Nacional do Petróleo (ANP) quer controlar as exportações de álcool combustível para garantir o abastecimento interno e evitar crises como a iniciada no fim do ano passado, que vem elevando os preços do produto. A agência já tem o poder de interferir no comércio exterior de derivados de petróleo e biodiesel, mas pede mudanças na legislação para estender sua atuação ao álcool. Esta semana, o preço do combustível subiu em torno de 3,5% nas usinas paulistas.

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"Temos sido cobrados nos últimos tempos pela questão do álcool mas, por lei, não temos ingerência nesse mercado", informou o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima. A lei 9847, que regula a atuação da agência, determina que o órgão regulador fiscalize produção, importação, exportação, distribuição e revenda de derivados de petróleo e biodiesel. Mas, no caso do álcool, a atuação da ANP começa na etapa da distribuição. "Precisamos de uma mudança na lei incluindo que nos permita o controle da produção e das exportações de álcool", sugere Lima.

Ele cita como exemplo a necessidade de autorização da ANP para exportações de derivados de petróleo e biodiesel, o que não ocorre no álcool. Para os dois primeiros, a direção da agência só permite a venda ao mercado externo caso o abastecimento nacional esteja garantido, com base em estudos de oferta e demanda. "Se é combustível, a lei nos obriga a garantir o abastecimento interno. Só que o álcool não é tratado como combustível pela legislação", diz o diretor-geral da ANP.

O pedido pela mudança da legislação já foi levado ao governo, dentro das discussões sobre a crise atual do mercado de álcool. Lima informou que a ANP vem tentando acompanhar os estoques em poder da usina, mas de forma precária, já que não tem força legal para exigir os números. O Brasil tem cerca de 280 produtores de álcool, segundo ele, o que torna o trabalho bem mais complexo do que no caso dos derivados de petróleo, mercado dominado pela Petrobras. "Precisamos controlar estoques e exportações, de acordo com projeções da demanda", apontou.

Preços

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Pela quinta semana consecutiva, os preços do álcool subiram nas usinas paulistas. Segundo dados do Centro de Pesquisa Econômica Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), a cotação do álcool hidratado subiu 3,4% esta semana, atingindo R$ 1,24 por litro. Já o álcool anidro subiu 3 55%, para R$ 1,21 por litro.

Pesquisadores do instituto avaliam, porém, que o ciclo de alta está perto do fim, uma vez que a demanda está retraída – reflexo dos altos preços e da redução de álcool anidro na gasolina – e o mercado deve receber, nas próximas semanas, álcool novo produzido por usinas que anteciparam a safra 2005/2006.

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