O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, iniciou hoje por Beirute um giro por países do Oriente Médio para manter conversações sobre os aspectos não resolvidos do plano para o cessar-fogo entre Israel e o grupo xiita Hezbollah. Ele ainda irá esta semana a Israel, Síria e Irã.
Annan pediu que o governo de Israel levante o bloqueio marítimo e aéreo imposto ao Líbano; e ao Hezbollah, a libertação dos dois soldados israelenses capturados pelo grupo. Em conversa com jornalistas, Annan disse que a ONU está disposta a mediar uma troca de prisioneiros e também pediu que o Hezbollah entregue os soldados israelenses às autoridades libanesas ou ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Em Beirute ele visitou os bairros xiitas destruídos pelos pesados bombardeios israelenses junto com o primeiro-ministro Fuad Siniora. Os dois foram vaiados por militantes e simpatizantes do Hezbollah, que seguravam cartazes do líder do grupo, o xeque Hassan Nasrallah.
O secretário-geral observou que está se empenhando para convencer Israel a levantar os bloqueios e completar a retirada de suas tropas do sul libanês, mas advertiu que o Líbano tem de cumprir sua parte das obrigações estipuladas pela resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU, que estabeleceu os pressupostos para o cessar-fogo.
O cessar-fogo está em vigor desde o dia 14, depois de 34 dias de bombardeios e confrontos que deixaram pelo menos 1.300 mortos, na grande maioria civis libaneses. "É um cardápio fixo. Não é um restaurante bufê, no qual você pode pegar apenas o que quiser.
Em entrevista a uma TV particular do Líbano, o líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, afirmou que autoridades da Itália e da ONU iniciaram contatos para uma troca de prisioneiros.
Annan se reuniu ainda com Mohammed Freish, um membro do Hezbollah que integra o ministério libanês, e com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, um xiita aliado do Hezbollah. Nasrallah disse à TV que Berri fará os contatos com os mediadores para a troca de prisioneiros.
Ainda hoje, o líder da oposição parlamentar, o general cristão Michel Aun, aliado do Hezbollah, pediu a renúncia de Siniora e todo seu gabinete, aos quais acusou de fracasso na condução do país durante a guerra.


