Anistia Internacional faz apelo a Lula contra violência

A secretária-geral da Anistia Internacional, Irene Khan, enviou cartas ao presidente Luiz Inácio da Silva e aos governadores de São Paulo, José Serra (PSDB), e do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), solicitando maior colaboração conjunta para a adoção de reformas no setor de segurança pública com o objetivo de combater as causas da violência no Brasil. "Expressamos nossa preocupação com a situação dos direitos humanos no Brasil", disse a organização não-governamental com sede em Londres. "Temos a esperança de que isso vai iniciar um diálogo relacionado à proteção e promoção dos direitos humanos para todos os brasileiros.

Khan afirmou que "desde a violência extrema que está devastando as cidades brasileiras até o aumento dos grupos paramilitares (milícias)que preenchem o vácuo deixado pelos políticos, muito pouco ou nada tem sido feito para resolver a discriminação social, corrupção e violações dos direitos humanos no coração do sistema de segurança pública". Segundo ela, a violência, além de causar a morte de dezenas de milhares de jovens todos os anos, "está condenando milhões de pessoas" a níveis mais acentuados de pobreza. "A violência é um dos principais obstáculos para se conquistar a inclusão real que o presidente Lula prometeu em seu recente discurso de posse", disse Khan.

Ela disse que a onda de violência em São Paulo e no Rio promovida por grupos do crime organizado no ano passado deve ser condenada com rigor. "Entretanto, está claro que o fracasso em resolver os problemas no coração de um sistema criminal moribundo contribuíram diretamente para as condições que levaram a esses ataques", afirmou.

A Anistia Internacional observou que governos estaduais no passado adotaram políticas "repressivas e reativas que tiveram um impacto devastador sobre as comunidades mais pobres, aumentando a vulnerabilidade dos policiais e alimentando a violência" urbana. E salientou que a primeira operação conjunta do Exército e da polícia do Rio nas favelas do Complexo do Alemão, em fevereiro passado, resultou na morte de seis pessoas entre elas gente que passava pelo local. "Após três dias de batalha a tiros, a polícia se retirou, alegando ter capturado um rifle e um granada", disse.

Khan afirmou que para que ocorra uma diminuição drástica da violência criminal e da polícia nos centros urbanos brasileiros, uma política abrangente para segurança pública precisa ser adotada com "urgência".

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