Londres – Passada mais essa tormenta nos mercados internacionais, o real retomará o terreno perdido diante do dólar, retornando ao nível de R$ 2,05 alcançado no início deste mês, segundo a avaliação de boa parte dos analistas de instituições financeiras estrangeiras. Eles acreditam que embora a moeda brasileira possa, eventualmente, até se desvalorizar um pouco mais nos próximos dias caso o nervosismo em torno dos juros americanos se aprofunde, o bom desempenho do balanço de pagamentos garantirá sua recuperação.

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"O real vai voltar para seu nível registrado antes dessa onda de volatilidade global, embora provavelmente num ritmo mais lento do que vimos no passado", disse à Agência Estado o economista sênior do banco Dresdner Kleinwort Wasserstein, Nuno Camara, que manteve sua previsão de uma cotação de R$ 2,05 para o final deste ano. "Isso acontecerá devido à mudança estrutural ocorrida na balança comercial do país, que prevê fluxos intensos para o país nos próximos meses, além dos fluxos de investimentos diretos."

Segundo ele, a recuperação do real se dará num ritmo mais lento devido a redução dos fluxos de caráter especulativo que vinham sendo direcionados ao Brasil. "Em contrapartida, a forte possibilidade de Anthony Garotinho não participar da corrida presidencial deste ano pelo PMDB teve um impacto positivo e afastou os temores de alguns investidores, o que ajudará o real" disse. Camara avalia que ação do Banco Central no câmbio dependerá dos fluxos para o País. "Se o BC perceber uma retomada substancial dos fluxos, deverá manter suas compras da moeda americana", disse.

Os estrategistas do banco Goldman Sachs mantiveram sua previsão de uma cotação de R$ 2,05 para os próximos três meses. "As bases para o real continuam extremamente positivas, com fatores sazonais devendo aumentar os fluxos líquidos de moeda estrangeira em junho", afirmaram em nota para clientes. "Deixando-se de lado um importante protagonista (os Estados unidos) de lado por um minuto, está claro que a conjuntura da política econômica e a força do balanço de pagamentos do Brasil sustentam um real mais forte."

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Os analistas do Goldman Sachs admitem, entretanto, que essa avaliação é ofuscada pelas preocupações globais com a política monetária nos Estados Unidos e a queda do apetite de risco por mercados emergentes. "Mesmo assim, acreditamos que após o forte movimento de venda que presenciamos ontem e anteontem, ficar vendido em dólar/real faz sentido", afirmaram.