Alumínio contribui para recorde de demanda de energia

O Brasil bateu, no dia 19, novo recorde de demanda por energia elétrica, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A demanda por energia elétrica atingiu 57.647 megawatts (MW), superando em cerca de 4% a maior marca registrada até então, no dia 5 de agosto.

De acordo com um especialista na operação do sistema elétrico, o recorde pode ser explicado pela retomada da atividade industrial no País, “sobretudo a do segmento de alumínio, que está aumentando significativamente a sua produção no horário de pico de consumo”.

Prova disso é que o ONS registrou, também na quinta-feira, um novo recorde de demanda no subsistema Norte, que atingiu o nível de 3.432 MW no horário de pico de consumo. No dia anterior, a região já havia registrado o volume de demanda recorde de 3.413 MW. A região comporta pelo menos dois fabricantes de alumínio do País.

Eduardo Spalding, coordenador do Comitê de Energia da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), relativiza a correspondência entre o aumento da atividade do setor e os picos de demanda por energia registrados pelo ONS. “O que temos de aumento de consumo na área de alumínio primário, que absorve mais energia elétrica, é apenas a expansão da CBA, em Sorocaba (SP)”, disse. Spalding acrescentou que o setor, que respondeu por 6% do consumo total de energia elétrica em 2003, tem ampliado de forma mais significativa a produção de agregados, que não absorvem tanta eletricidade como o alumínio primário.

A Abal trabalha, porém, com a previsão de que a produção de alumínio primário deverá alcançar um volume recorde de 1,464 milhão de toneladas em 2004. Se confirmada a expectativa, o segmento terá consolidado um crescimento de 6,1% em relação ao volume de produção do ano passado. No acumulado de janeiro e julho foram produzidas 844,1 mil toneladas, um acréscimo de 3,5% em relação ao total dos primeiros sete meses do ano passado, quando se produziu 815,9 mil toneladas.

De acordo com o presidente da Abal, Sebastião Ribeiro, nos últimos anos a produção brasileira foi afetada por vários fatores, como o racionamento de energia e problemas operacionais enfrentados por algumas empresas, que motivaram a paralisação de parte da produção. Na avaliação do executivo, energia não deverá ser um problema para o plano de crescimento do setor, que, no ano passado, ameaçou transferir ou cancelar novos investimentos no Brasil por conta dos altos custos das tarifas de transmissão.

Ribeiro explica que o freqüente diálogo com o governo serviu para corrigir as restrições dos primeiros rascunhos do que seria o novo modelo energético, deixando as empresas mais tranqüilas em relação ao fornecimento do insumo. Um dos aspectos que mais evoluíram, na opinião do executivo, é o quesito da livre contratação de energia.

O executivo afirmou, porém, que o setor está acompanhando de perto os reajustes de tarifas, a fim de evitar aumentos abusivos. Segundo informações da Abal, os produtores de alumínio primário consomem 21 mil gigawatts-hora (GWh) de energia, insumo que responde aproximadamente 35% dos custos de produção do alumínio.

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