As boas expectativas com a geração de bioenergia e produção do biodiesel está aquecendo o mercado mundial de grãos. O Brasil e o Paraná já estão sentindo esses reflexos, com a alta dos preços do milho e da soja, apesar do período de colheita, quando a oferta de grãos é abundante. Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, agora é o momento de recuperação de preços e prejuízos sofridos pelos agricultores nos últimos dois anos em função do clima e câmbio desfavorável.

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A safra de soja é um exemplo do aquecimento na comercialização. Cerca de 41% da produção já está vendida e o preço médio é de R$ 27,43 a saca, o que corresponde a aumento de 21,5% sobre as cotações do mesmo período do ano passado. A recuperação nos preços da soja deve-se ao mercado internacional, que está em alta por causa da redução de área plantada nos Estados Unidos e demanda aquecida por causa da possibilidade de produção de bioenergia com grãos.

Apesar do dólar baixo, a situação está favorável e traz mais segurança aos produtores na hora de vender o produto, diz o diretor do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura (Deral), Francisco Simioni.A tendência é de manutenção dos preços aquecidos, por causa do potencial de aumento nas exportações de soja. Se houver problemas climáticos nos Estados Unidos no decorrer da safra norte-americana, os preços podem melhorar ainda mais, acredita o técnico. ?Estamos no início de um novo ciclo de recuperação da produtividade e dos preços da soja?, afirma.

Os preços do milho também estão sustentados nesse momento, apesar da expectativa da safra ser a maior da história no País. No Paraná, o milho está sendo vendido pelo produtor, em média, por R$ 14,94 a saca, valor 43% acima dos preços praticados há um ano. A tendência, no curto prazo, é que o ambiente de bons preços para o produtor permaneça, por causa do bom desempenho nas exportações e devido à indefinição da segunda safra, que ainda está no campo e sujeita a variações climáticas até o final de julho, afirma a engenheira agrônoma Margoreth Demarchi, do Deral.

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Segundo o diretor do Deral, o Paraná é hoje o maior produtor e exportador de milho do País. No ano passado, as exportações renderam aos produtores paranaenses US$ 346 milhões com a exportação de 2,92 milhões de toneladas. Para este ano, a previsão é de aumento das exportações, pois os preços internacionais são os melhores dos últimos dez anos.

De acordo com Margoreth Demarchi, o produtor paranaense já vendeu 50% da produção da primeira safra. A tendência é que os preços no milho recuem no curto prazo, com a possibilidade de safra recorde nos Estados Unidos e também no Brasil. Entretanto, nos dois países a safra de milho ainda não está definida e o mercado depende do clima nos próximos dois meses.

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O preço atual do trigo, cotado a R$ 25,60 a saca de 60 quilos, também é estimulante, pois representa um aumento de 35% quando comparado ao preço praticado no mesmo período do ano passado, quando as cotações estavam ao redor de R$ 18,94 a saca. Mesmo assim, os produtores estão aguardando a divulgação do preço mínimo, cujo pleito é de R$ 28,22 a saca ou R$ 430,33 a tonelada, valor equivalente ao custo operacional de produção.

Caso esse preço seja confirmado, certamente os produtores vão responder com a intensificação do plantio e o volume de produção poderá atingir 2,27 milhões de toneladas. Para o diretor do Deral, o reajuste do preço mínimo do trigo será compensador ao País, considerando a necessidade de redução das importações e da saída de divisas. Só no ano passado, o País gastou quase US$ 1 bilhão com a compra de 5,6 milhões de toneladas de trigo.

Para 2007, a previsão da Conab é que sejam produzidas 4 milhões de toneladas e importadas 7,9 milhões de toneladas. Esse volume de importação, se for confirmado, corresponderá a um aumento de 21,54% sobre as importações realizadas no ano passado.

Já a comercialização de feijão não está tão favorável ao produtor. Segundo Simioni, após um período de cinco anos de bons preços, a cotação média recuou 45% em relação à de abril de 2006 – a cotação do feijão carioca está em torno de R$ 42,06 a saca. A saca de feijão preto também está cotada abaixo do preço de um ano atrás, com uma queda de 27% no período. Atualmente o feijão está sendo vendido por R$ 34,03 a saca. A derrubada nos preços foi provocada pelo aumento da oferta, com o bom resultado da safra 2006 e expectativa de boa safra este ano.