O presidente Lula terminará o mandato com uma carga tributária maior do que quando tomou posse. Mesmo depois de duas correções na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), a parcela do salário que vai para o governo (incluindo INSS) subiu até 3 pontos porcentuais para trabalhadores de classe média – como os metalúrgicos do ABC – que tiveram os rendimentos reajustados pela inflação nos últimos anos. Até salários que ficaram congelados nesse período sofrem hoje uma tributação maior do que em janeiro de 2003.

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"Todos os segmentos da sociedade sentiram o peso da mão do governo no seu bolso", afirma o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM).

Desde o início do governo, a tabela do Imposto de Renda teve duas correções, uma de 10% e outra de 8%, mas a inflação acumulada já passa dos 24,3% e deve chegar ao final de 2006 em 30%. Quando o salário é reajustado pela inflação e a tabela do IRPF não acompanha, o assalariado perde uma fatia maior da sua renda para o Leão.

Mesmo trabalhadores que tiveram o salário congelado por algum motivo acabaram sofrendo uma maior tributação. Isso porque a contribuição previdenciária de quem ganha mais do que o teto do INSS (R$ 2.668,15) subiu de R$ 171,00 em janeiro de 2003 para R$ 293,50 em maio de 2005 e deve chegar a R$ 306,70 em maio deste ano, quando os benefícios da Previdência forem corrigidos.

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O aumento de tributação decorrente da Previdência entre 2003 e 2006 é de R$ 135,70, enquanto o alívio oferecido pelas correções da tabela do IRPF chega no máximo a R$ 122,21 para quem teve o salário congelado. No caso de trabalhadores que tiveram reajustes salariais de acordo com a inflação, o desconto do IRPF na fonte também aumentou. Quem ganhava R$ 5 mil em janeiro de 2003, por exemplo, tinha descontado R$ 1.047,30 por mês, ou 20,9% da renda, para IRPF e INSS. Hoje, esse trabalhador ganha R$ 6.214,93 e paga R$ 1.394,14, ou 22,4%, em tributos.

O aumento da tributação é maior para trabalhadores que ganham menos. Para um trabalhador que ganhava R$ 2.500 em janeiro de 2003 e hoje ganha R$ 3.107,47, a mordida tributária subiu de 14,4% para 17,4%. Para um salário de R$ 10 mil, o acréscimo de tributação foi de apenas 0,8%.

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