Agricultura traça planos para combater a ferrugem da soja

O risco da ocorrência da ferrugem da soja na safra que se aproxima levou a Secretaria de Estado da Agricultura a realizar mais uma rodada de discussões em seu Núcleo Regional de Londrina. Foram reunidos representantes do Departamento Defesa, Fiscalização e Sanidade Agropecuária, da Assistência Técnica Estatal (EMATER) e Privada (OCEPAR) e Empresas de Planejamento (APEPA).

Está sendo desenvolvido um plano de trabalho conjunto, que vem sendo discutido desde o final da safra passada. Essas reuniões de trabalho já foram realizadas com o Ministério da Agricultura (MAPA), Embrapa Soja e instituições ligadas à Pesquisa Privada (Fundação Meridional, Coodetec e Fundação MT).

Segundo o chefe do setor de vigilância fitossanitária da SEAB, Adriano Munhoz Pereira, o cenário econômico atual, com custos dos insumos em alta e custo da soja em baixa no mercado internacional, aponta para uma situação preocupante, principalmente quando se associa a esse quadro a ocorrência da ferrugem no Paraná. “Trata-se de um novo desafio a ser vencido pela cadeia produtiva da oleaginosa”, acredita o engenheiro agrônomo.

Na safra passada, a presença da doença na região de Londrina não atingiu níveis críticos devido à prevalência de condições climáticas desfavoráveis à sua evolução, mas investimentos emergenciais foram realizados na capacitação de agricultores e profissionais ligados ao setor.

Mesmo com informações disponíveis, foram consumidos milhares de reais na safra 2003/2004. De acordo com o técnico, o fato causa preocupação também aos órgãos de governo, uma vez que conviver com esta nova praga não é uma tarefa fácil. Há necessidade de um trabalho conjunto entre os órgãos de defesa sanitária vegetal, instituições de pesquisa, organizações representativas dos produtores rurais, assistência técnica e indústrias de fungicidas para dar suporte às decisões do agricultor.

“Pelo que pudemos observar na safra anterior, a raiz do problema é que, na ausência de informações idôneas, espera-se um aumento, nem sempre justificado, no número de aplicações de fungicidas pelo produtor de soja, fato que pode ocasionar elevação nos preços e crise na oferta destes produtos no mercado, elevação nos custos de produção e, conseqüentemente, perda de rentabilidade da soja”, explicou Adriano.

Apesar das discussões e das medidas propostas, foi reforçada a noção de que a convivência com a doença é a única saída para continuar lucrando com a cultura da soja no Paraná, uma vez que depois de introduzida no país, sua erradicação é impraticável.
No encontro, ficou estabelecido que informações idôneas e treinamento continuado são os pontos chaves para dar suporte adequado ao agricultor. Regulamentar a instalação de áreas experimentais para estudo da doença, restringir a implantação de lavouras de soja safrinha e eliminar a presença de hospedeiros alternativos do fungo causador da ferrugem são outras medidas que a equipe pretende colocar em prática.

Para a próxima safra, a tônica dos trabalhos deve ser a intensificação do treinamento de agricultores e profissionais ligados ao setor, com o objetivo da localização precoce e monitoramento dos possíveis focos da praga na região e a tomada das devidas providencias. A observação dos técnicos da Secretaria da Agricultura é que, nos casos da presença do fungo em níveis críticos na lavoura – antes do enchimento dos grãos e com condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da doença (temperaturas na faixa dos 15º C e alta umidade relativa do ar) – não se pode descartar a possibilidade do uso de fungicidas para seu combate que, entretanto, só deve ocorrer mediante critérios técnicos.

Um dos problemas registrados na safra passada, lembrou Adriano Munhoz Pereira, foi a aplicação de fungicidas em lavouras onde não era necessário pois o nível crítico da doença não foi atingido. Ao mesmo tempo, a aplicação de fungicidas deixou de ser realizada em outras lavouras onde a praga estava instalada e o controle químico era tecnicamente justificável. Neste sentido, seguindo sua programação de trabalho, a SEAB deverá promover,- nos próximos dias, nova rodada de discussão do problema, desta vez com representantes das indústrias de fungicidas.

Depois de promover a discussão do assunto com diferentes segmentos envolvidos na questão a Secretaria da Agricultura, através da DDSV ? Divisão de Sanidade Vegetal, espera ainda no mês de setembro definir as linhas gerais do plano trabalho de combate à ferrugem da soja que deverá ser implementado na safra que se aproxima.

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