África do Sul tenta milagre diante da França, mas ambas caem

Hoang Dinh Nam/AFP

De um lado, uma seleção que pode ser a primeira anfitriã da história das Copas a ser eliminada na primeira fase. Do outro, uma das grandes equipes do futebol Mundial numa crise sem precedentes, com cortes, rebelião de jogadores e brigas internas em meio á disputa da Copa da África do Sul. No estádio Free State, em Bloemfontein, numa partida marcada pela tensão, o primeiro tempo terminou com a vitória dos donos da casa por 2 a 0.

Enquanto a seleção da África do Sul mostra muita disposição, a França parece desmotivada, mas foram os franceses que começaram tomando a iniciativa da partida. Aos 2 minutos, Gignac recebeu na área e bateu para a defesa do goleiro sul-africano Josephs. Na resposta da África do Sul, Tshabalala cruzou da esquerda e Lloris segurou firme. Aos 9 minutos, Diaby levantou na área para a cabeçada de Cissé em cima do goleiro Josephs, que, bem colocado, encaixou com tranqüilidade.

De fora da área, aos 16 minutos, o meia Sibaya deu o primeiro chute da África do Sul na partida, e por cima, longe do gol de Lloris. Quatro minutos depois, os sul-africanos abriram o placar, graças à falha do goleiro francês, que saiu errado numa cobrança de escanteio e deixou o gol livre para Khumalo marcar de cabeça.

Aos 23 minutos, Mphela arrancou pela esquerda e, na entrada da área, chuteu rasteiro, rente à trave direita de Lloris. Um minuto depois, Gourcuff deixou o cotovelo no rosto de Sibaya numa disputa de bola e foi expulso pelo árbitro colombiano Oscar Ruiz.

O gol e a expulsão desnortearam completamente o time francês, que passou a ser dominado pela África do Sul. O resultado foi o segundo gol sul-africano, aos 36 minutos, quando o atacante Mphela completou jogada na área.

A França chegou perto do gol aos 39 minutos, quando Josephs fez ótima defesa em cobrança de falta tendo Gallas à frente dele. Aos 42, Mphela chutou d efora da área para boa defesa de Lloris, que se recuperou da falha no primeiro gol espalmando para escanteio.

No segundo tempo, aos 12 minutos, Mphela chutou bem de fora da área e Lloris fez bela defesa, desviando para córner. Cinco minutos depois, Mphela teve nova chance ao avançar dentro da área pela direita. O atacante sul-africano chutou, a bola bateu em Lloris, que saíra para fechar o ângulo, e voltou a tocar em Mphela antes de sair pela linha de fundo.

Quando a África do Sul parecia dominar a partida, a França fez seu primeiro gol no Mundial. Sagna tocou para Ribery na área, que, na saída do goleiro Josephs, tocou para Malouda completar para o gol vazio.

Nessa altura, depois da entrada em campo de Henry, que recebeu a braçadeira de capitão de Diarra, ainda que o volante tenha permanecido no jogo, a França já equilibrava o jogo, mesmo com um a menos, na base do toque de bola. Entre partir para o ataque e tentar a classificação quase impossível (já que precisava de mais três gols, ou que o Uruguai fizesse mais gols no México), a África do Sul pareceu ter priorizado a cautela para se despedir com a vitória; porque o jogo permaneceu morno até o fim, após o gol francês.

A última oportunidade foi de Tshabalala, que perdeu diante de Lloris. O técnico brasileiro da África do Sul amargou a eliminação do Mundial na primeira fase, mas pelo menos conseguiu a primeira vitória em Copas num time que não fosse a seleção brasileira.

A Bafana Bafana não desistia de tentar ampliar o placar contra os franceses, já totalmente superados e sem reação.

A esperança dos sul-africanos acabou de vez aos 25 do segundo tempo, quando Malouda diminuiu para os franceses.

Á África do Sul ficou, assim, em terceiro lugar no Grupo A com quatro pontos, mas com -2 no saldo de gols frente ao +1 do México; é a primeira seleção anfitriã a ficar fora da segunda fase. A França volta para casa com um ponto, após um Mundial que certamente tentará esquecer.

Uma hora antes da partida, Raymond Domenech foi até o meio do campo e cumprimentou os poucos espectadores que já estavam no Free State, talvez em um gesto de despedida.

A seleção francesa de futebol recusará todos os bônus financeiros relacionados com a Copa, disse o capitão da equipe, Patrice Evra, logo depois da partida.

“Recusaremos qualquer premiação, não aceitaremos um centavo sequer”, declarou Patrice Evra na zona mista.