O advogado de Suzane von Richthofen, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, e o promotor Roberto Tardelli rebateram hoje (16) a afirmação de que ela sofria abusos sexuais por parte do pai, o engenheiro Manfred von Richthofen. A declaração foi feita à "Rádio Jovem Pan" pelo ex-namorado de Suzane Daniel Cravinhos. Suzane, Daniel e o irmão dele, Christian, planejaram e executaram o assassinato dos pais dela, Manfred e Marísia, em outubro de 2002.
"É uma mentira deslavada, ela está indignada", disse Mariz. "Ela jamais admitirá uma ‘invencionice’ dessa, mesmo que fosse para obter benefícios no processo." Segundo o advogado, a cliente vai desmentir no júri, categoricamente, a alegação classificada por ele como "torpe e canalha, contra alguém que está morto e não pode se defender".
Tardelli, responsável pela acusação dos três, disse que a declaração de Daniel é "papo de réu". "Ele quer se livrar do clamor público do caso e se apresentar como o herói paladino que saiu em defesa da namorada abusada pelo pai. Mas faz isso de forma tardia e sem provas", afirmou. O processo – em que os três são acusados de duplo homicídio triplamente qualificado – está com os recursos da defesa na reta final. A fixação da data do julgamento pelo Tribunal do Júri é a próxima etapa.
Segundo o promotor, a defesa dos Cravinhos, feita pelos advogados Geraldo e Gislaine Jabur, sugeriu a existência de abusos durante o depoimento de testemunhas, no início da ação. Suzane foi questionada textualmente sobre o fato e negou.
À "Jovem Pan", Daniel disse que Suzane planejou o crime dois meses antes. "Segundo Daniel, a garota já havia pensado em matar os pais com uma arma da família e os dois chegaram até a testar esse recurso, pois ela queria saber se fazia muito barulho", relata Daniel, no site da rádio. "Percebendo que não daria certo, já que os vizinhos poderiam ouvir, Suzane decidiu que o crime seria praticado de outra forma."
Tardelli comentou já imaginar que o crime tenha sido precedido de um planejamento cuidadoso, mas não havia cogitado a hipótese de teste de arma de fogo. "Se essa arma existiu, ela desapareceu para deixar a família indefesa. Não me lembro de tê-la visto nas perícias", afirmou. "Nesse caso, a frieza deles é muito maior. Enquanto testavam meios de praticar o crime, foram convivendo com a família." A pistola calibre 22, que foi encontrada com quatro caixas de munição dentro de um ursinho de pelúcia da ex-estudante de Direito, disse o promotor, não era da família.
Durante a entrevista, Daniel disse que ainda ama Suzane. A jovem já revelou em outras ocasiões, por meio de amigos e do advogado, que não quer mais saber do rapaz. Ele contou que está trabalhando com aeromodelismo e planeja voltar ao curso de Direito.
Christian reafirmou a tese defendida por seus advogados de que Suzane "usou a ingenuidade" e o amor de Daniel para praticar o crime. Mariz sustenta exatamente o contrário: que ela foi envolvida pelos rapazes. Para o promotor, "parece que nasceu naturalmente".


