Acusado de matar 42 meninos é julgado no Maranhão

O mecânico Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, de 41 anos, vai a júri hoje em São José de Ribamar, no Maranhão. Chagas será julgado pelo homicídio de Jonnathan Silva Vieira, de 15 anos, em 6 de dezembro de 2003. A acusação é de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe – morte relacionada a interesse sexual – e meio cruel (pedradas). Foi o último dos 42 assassinatos do homicida, 12 deles ocorridos no Pará, apontado por autoridades e especialistas como o maior serial killer brasileiro. Os processos referentes aos outros crimes ainda tramitam na Justiça.

O juiz Marcio Brandão, da 1ª Vara de São José de Ribamar, acredita que o julgamento dure, no mínimo, dois dias. Como o fórum da cidade é pequeno, o júri será realizado no auditório do Sesi. Cerca de cem familiares de vítimas estão mobilizados para assistir. O crime ocorreu quando Jonnathan foi levar a bicicleta na oficina onde Francisco trabalhava. Por volta das 7h30 de 6 de dezembro, a convite do mecânico, foram à mata apanhar açaí. Brito, então, matou a pedradas o garoto.

A posição de Chagas frente às acusações mudou algumas vezes desde que foi preso, pouco após a morte de Jonnathan. Primeiro, negou tudo. Depois, confessou ter matado 30 meninos no Maranhão e 12 no Pará. Chegou a apontar para a polícia o local onde deixou as vítimas, com margem de erro de 50 metros em relação aos dados dos laudos necroscópicos. Recentemente, ele disse ao advogado, Erivelton Lago, que "tem muita criação em cima disso". Como exemplo das "invencionices", Lago afirma que há gente condenada por homicídios atribuídos a seu cliente.

O advogado não definiu a estratégia de defesa. "Vou depender do depoimento dele." Na quarta-feira, ele repetiu para Lago a versão de que Jonnathan subiu numa árvore para pegar açaí, caiu e morreu. "Se a versão for essa, para o Ministério Público, será uma confissão. Para a defesa, início de confissão. Não terei como dizer que ele estava fora da cena do crime". Lago não descarta a tese da inimputabilidade, ou seja, de que Chagas não tem consciência de seus atos.

A psicóloga forense Maria Adelaide de Freitas Caíres, que fez um dos laudos sobre a personalidade de Chagas anexado ao processo, é taxativa: ele tem um transtorno anti-social de personalidade, novo nome da psicopatia. Segundo ela, a doença não tem cura porque o "estrago é muito profundo". Maria Adelaide tem certeza de que, se voltar às ruas, Chagas matará novamente. Para a psicóloga e para o promotor, o acusado é semi-imputável. "Ele sabe que o que fez foi errado, porque fez escondido, mas tem uma perturbação que o impede de evitar", disse Maia.

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