Acordos internacionais têm de se refletir na prática, alerta Marina Silva

A degradação do meio ambiente vem aumentando nos últimos desde 1992, desde que foi criada a Convenção sobre Diversidade Biológica, durante a Eco-92, no Rio de Janeiro. A contradição foi apontada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em seu discurso de abertura da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8), que começou hoje (20), na capital paranaense.

O Relatório de Avaliação Ecossistêmico do Milênio, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano passado, revela que a perda da biodiversidade nos últimos 50 anos foi maior do que em qualquer outra época da história da humanidade. E afirma que as projeções e cenários indicam a manutenção ? ou mesmo aceleramento ? dessas taxas de destruição.

"Eu faço um apelo para que a complexidade dos nossos debates não nos desvie da tarefa de ter propostas para implementar a convenção", pediu a ministra. Ela destacou ainda as dificuldades para obtenção de consenso durante a 3ª reunião das Partes do Protocolo de Cartagena, que terminou na sexta-feira (17), também em Curitiba ? e que teve como principal decisão estabelecer a partir de 2012 a obrigatoriedade de informar no rótulo das mercadorias se elas contêm ou não produtos transgênicos.

"Eu fico muito preocupada com acordos multilaterais que não se traduzem em ações concretas", declarou a ministra. "Nós temos que lembrar que faltam apenas quatro anos para 2010. Em Johanesburgo [ África, onde foi realizada a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2002 ], nós nos compremetemos a, até essa data, reduzir as taxas atuais de perda de biodiversidade".

A COP é o órgão deliberativo da Convenção sobre Diversidade Biológica, que foi um dos resultados da Eco-92. Esse acordo internacional tem três objetivos principais: conservação da natureza, uso sustentável dos recursos naturais e proteção dos conhecimentos tradicionais.

A conferência reúne os 187 países signatários da convenção, além da Comunidade Européia. Em Curitiba, até o próximo dia 31, 6 mil representantes desses países participam dos debates e das negociações. As decisões são tomadas apenas por consenso.

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