Apesar do sistema financeiro na Argentina ter recuperado grande parte do espaço perdido com a crise de 2001 e 2002, a penetração dos bancos no país continua sendo baixa, principalmente no interior. Um levantamento realizado pela consultoria Fundação Mediterrânea, nas províncias mais pobres, onde a desigualdade social é maior, o acesso da população aos serviços bancários é comparada ao de alguns países africanos.
Em Santiago del Estero, por exemplo, existem 0,5 agência e 0,6 caixa eletrônico para cada 10 mil habitantes, quase a mesma proporção de Zimbábue, que possui 0,3 agência e 0,3 caixa eletrônico, ou Egito, com 0,4 e 0,2 respectivamente, ou ainda a China, que tem 0,1 agência e 0,4 caixa eletrônico.
Se a relação for calculada em termos de cobertura territorial, a situação de Santiago del Estero é pior. Para cada mil quilômetros quadrados, a Província possui 0,3 agência e 0,4 caixa eletrônico, o que é menos que Zimbábue (1,1 agência e 1,2 caixa), Egito (2,5 e 1,2 respectivamente) ou China, com 1,8 agência e 5,3 caixa. As Províncias de Salta, Formosa e Catamarca encontram-se na mesma situação.
Na outra ponta, destacam-se as províncias mais ricas: Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé e Córdoba. Essas Províncias apresentam níveis similares aos do Brasil. Buenos Aires, por exemplo, conta com 1,3 agências para cada 10 mil habitantes, enquanto o Brasil possui 1,5 e o Chile, 0,9 agência. Esses números estão bem distantes dos países desenvolvidos, como Estados Unidos, que conta com 3, ou Alemanha, com 5. Em termos de território, para cada mil quilômetros quadrados, Buenos Aires tem 13,7 caixas eletrônicos, muito acima do Brasil, que tem só 3,7, ou do Chile, que conta com 5,1.
De acordo com a consultoria, dentre os fatores que contribuem para o baixo índice, destacam-se aqueles relacionados à dotação de infra-estrutura de telecomunicações, distribuição de renda, a informalidade trabalhista e maior participação de pequenas e médias empresas. ?Em um contexto de alta informalidade e de empresas pequenas, se potencializa o problema de informação assimétrica, que se gera tradicionalmente no negócio bancário ao se encarecer substancialmente o custo de acesso à informação que permita aos bancos identificar a verdadeira situação econômica do cliente?, detalha o relatório.


