A saudade que restou

Entristecido está o cenário cultural paranaense.

Em 19 de março falecia, aos cento e três anos de proveitosa existência, Astrogildo de Freitas, palmeirense de destaque.

Nem bem nos refazíamos do duro golpe, duas outras notícias nos abalaram profundamente.

Quatro dias depois, o Poeta de Tamandaré, Harley Clóvis Stocchero nos deixava e, em 26 de abril, o vate e trovador Aldo Silva Júnior seguia o mesmo caminho.

Particularmente, o Centro de Letras do Paraná, que era freqüentado pelos pranteados confrades, ainda não se refez do infausto acontecimento.

Astrogildo de Freitas, antigo diretor-geral dos Correios e Telégrafos do Paraná e professor da Universidade Federal do Paraná, publicara apreciadas obras, como Telegramas Urbanos e Interurbanos, Correios e Telégrafos na Palmeira, Palmeira – Reminiscências e Tradições, Memórias de um Decentista e Viagens e Episódios de Viagens.

Harley Clóvis Stocchero, que produzira ricos opúsculos em prosa e verso, como ?Ermida Pobre?, ?Os dois mundos?, ?O pouso dos Guaraipós?, ?Recordações de Clevelândia?, ?Andanças na terra Tingüi?, ?Seleções Poéticas de Novas Cantigas?, e, mais recentemente, ?A Vingança da Terra?, foi objeto de crônica publicada, neste mesmo espaço, em 10 de abril último.

Aldo Silva Júnior, cujo pai foi distinguido radialista e político, deixou inúmeras trovas e versos, alguns reunidos na magnífica publicação ?Trovas, Poesia e Alguma Prosa?, que enalteci em artigo, neste mesmo O Estado do Paraná, edição de 18 de agosto de 2002.

Seria impossível, neste momento, discorrer sobre a produção literária desses saudosos companheiros.

Aliás, o momento nem é propício para tanto, eis que ainda não nos refizemos do duro golpe.

Apenas, queremos homenageá-los porque, realmente, o afastamento de nosso convívio será sempre lamentado, ainda porque pessoas lhanas, cordatas, sensíveis e muito queridas.

Resta-nos, por conseguinte, apenas a saudade, uma grande e imorredoura saudade…

Que os três repousem em paz na placidez remançosa dos Braços do Senhor!

Luís Renato Pedroso é desembargador jubilado e presidente do Centro de Letras do Paraná.

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