A revolução verde

O Brasil tem o destino das potências mundiais do agronegócio, assim como os Estados Unidos, a Austrália e a Argentina, países que aliam eficiência, diversificação das cadeias e importância no mercado externo. Além da produção de alimentos (carne e trigo, em especial), o agronegócio está se inclinando para o cultivo das matérias-primas destinadas à produção de etanol e biocombustíveis.

Essa é a nova revolução anunciada para o setor primário, tendo em vista o crescimento da procura por combustíveis limpos, agravada pela elevação constante dos preços do petróleo e a pertinácia dos movimentos ambientalistas quanto aos riscos de contaminação.

Assim como outros países, o Brasil deverá dar um extraordinário salto na direção do incremento da produção do setor sucroalcooleiro e da expansão quantitativa das plantas de biocombustíveis com base na soja, mamona, pinhão-manso e até na gordura animal. No médio prazo, estão programados investimentos de R$ 7 bilhões, dos quais R$ 5 bilhões para novas usinas para a transformação industrial da cana-de-açúcar e R$ 2 bilhões para financiar a implantação de unidades produtivas do combustível verde.

Setores do agronegócio, todavia, mostram-se preocupados com a bolha que se avizinha, cujos resultados negativos podem ocorrer se cautelas necessárias não forem tomadas, em obediência a um conjunto de informações de natureza econômica, tecnológica, estratégica e ambiental.

Para os entusiastas da produção de biocombustíveis, essa é a alternativa para a substituição gradativa da matriz energética sustentada na exploração de combustíveis fósseis, que além da carga poluidora estão cada vez mais próximos do esgotamento. A perspectiva desenhada pela pesquisa é de que em 10 anos o Brasil poderá dobrar a produção de álcool por hectare, e o feito significa um avanço sem precedentes.

A oportunidade que se abre para o agronegócio brasileiro é inestimável. Há quem diga, porém, que essa magnitude poderá não se concretizar em face da renitente desorganização do mercado quanto aos estoques de álcool e a divisão espacial dos cultivos de matérias-primas do biodiesel. Anomalias que o governo e o próprio mercado deverão corrigir numa atuação integrada.

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