A renda cai e faz diminuir a diferença entre ricos e pobres

RIO (AE) – A desigualdade entre o rendimento do trabalho das pessoas com menor renda e os de maior ganho – apesar de ainda muito grande – encolheu quase 20% em oito anos. Em 2003, o rendimento dos 10% das pessoas ocupadas com maiores salários era 16,9 vezes maior do que os ganhos dos 40% com menores rendimentos – em 1995, 1º ano do Plano Real, a distância era de 21,1 vezes. Nesse período, a redução da diferença ocorreu principalmente pela queda real (descontada a inflação) maior dos ganhos decorrentes do trabalho para os mais ricos. Medido em salários mínimos, o rendimento dos mais pobres ficou igual.

Entre 1996 e 2003, a queda do rendimento da população brasileira ficou em 18,9%. De 2002 a 2003, a renda caiu 7,5%.

Os dados da Síntese de Indicadores Sociais que o IBGE divulgou hoje mostram que a renda média dos mais pobres era de 0 77 salário mínimo em 1995, mesmo patamar de 2003. Em 1998, chegou a 0,82 salário. No mesmo período de comparação, a renda do trabalho dos 10% mais ricos registrou um recuo mais forte: de 16,25 salários mínimos para 13,04. A síntese do IBGE detalha uma tendência que a Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD) já havia indicado. Em 1993, a diferença era um pouco maior (22,9 vezes), mas a hiperinflação desse ano distorce a comparação.

A diferença diz respeito apenas à renda decorrente do trabalho. Não inclui rendimentos como aplicações financeiras, comuns para pessoas de classes mais altas. Para os mais pobres predomina a renda do trabalho.

Em 2002, a distância da renda dos mais ricos para os mais pobres era de 18 vezes. No ano seguinte, o rendimento médio real dos 10% mais ricos (R$ 3.130,61) foi 9% menor, comparado ao ano anterior. A queda da renda média dos 40% mais pobres (R$ 185,27) foi de apenas 3%. Economistas apontam que um mau motivo – a queda da renda – reduziu a desigualdade. Melhor seria se a renda dos mais pobres subisse mais que o crescimento dos ganhos dos mais ricos.

Para a diretora de pesquisas do IBGE, Wasmália Bivar, mudanças estruturais geraram repercussão para grupos de maior rendimento. Alguns exemplos são as mudanças organizacionais em empresas com a redução de níveis de gerência e o efeito direto de cortes de postos de trabalho, além da privatização, que provocou enxugamento nas antigas estatais. No período, ao contrário, o salário mínimo teve ganho real em alguns anos.

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