A maior transformação da nossa história

 

Há oito anos, percorri o Paraná com a proposta de promover uma grande transformação na vida do nosso Estado. Ela era resultado de um diagnóstico amparado na falta de oportunidades, na ausência de perspectivas para os nossos jovens e na excessiva dependência de fatores externos, como os preços agrícolas internacionais ou as condições climáticas. Enfim, um quadro conhecido de todos.

O desejo de mudar aquela realidade nascia da vontade de cada paranaense de melhorar de vida, de abrir novos caminhos para a sua família, para a sua cidade, para o seu Estado. Era preciso melhorar a infra-estrutura do Estado, ampliar a oferta de empregos, fortalecer a agricultura, qualificar os trabalhadores, investir fortemente na área social.

Pois bem, o resultado que apresentamos hoje, ao final de oito anos de administração, nos permite dizer que cumprimos os objetivos de melhorar a vida dos paranaenses e de abrir novas perspectivas para o Estado. Em muitas áreas, até mesmo superamos as metas iniciais. Em outras, ainda não é o que sonhamos.

O mais importante: fizemos tudo isso sem esquecer da agricultura. Ao contrário, dobramos a produção em dez anos. O uso de novas tecnologias aumentou a produtividade de nossas principais culturas. A do trigo, cresceu 25%. A da soja, 24%. E a do milho, 39%.

A implantação das Vilas Rurais restituiu dignidade ao trabalhador rural. O programa Paraná 12 Meses melhorou as condições de vida de pequenos agricultores, com a reforma de casas, a construção de instalações sanitárias, a compra de implementos agrícolas. E o programa Fábrica do Agricultor permitiu ao nosso produtor iniciar o beneficiamento de sua produção, o que aumenta a renda e gera trabalho para a família.

A modernização na infra-estrutura criou as condições para que centenas de empresas se instalassem em todas as regiões do Estado. A ênfase na industrialização permitiu a geração de empregos de forma equilibrada, tanto no interior quanto na Região Metropolitana de Curitiba. Pelo menos 75% dos novos empregos acontecem no interior, como atestam os levantamentos do Ministério do Trabalho, divulgados pelo Dieese.

Um dos principais reflexos do equilíbrio no desenvolvimento do Estado é apontado pelo IBGE. A taxa de crescimento populacional do interior no período 1996-2000 dobrou em relação aos cinco anos anteriores. Passou de 0,57% para 0,99% ao ano. Na Região Metropolitana de Curitiba aconteceu o inverso. A taxa caiu de 3,36% para 2,90% ao ano. Traduzindo: a criação de oportunidades no interior reverteu o movimento de migração para os grandes centros.

A industrialização também criou as condições para o período pós-industrial, que já começamos a viver. O setor de serviços, que em 1994 respondia por 42% do nosso Produto Interno Bruto, hoje já representa 45%. A indústria, que detinha 46%, hoje responde por 42%. E a agricultura evoluiu de 12% para 13% do PIB. Isso aconteceu porque a transformação da nossa economia abriu oportunidades em todos os segmentos. A prevalência do setor de serviços é uma característica mundial em sociedades que chegaram à pós-industrialização.

Os avanços na área social estão consolidados na retirada de 80 mil crianças da rua para a escola, na construção de 460 creches, na distribuição da supersopa a entidades assistenciais. Estão também nos indicadores da qualidade de vida, como a redução da taxa de mortalidade infantil em 38%.

Os avanços no saneamento básico são notáveis. Hoje a coleta e tratamento de esgoto chega a 70% em muitas cidades médias e grandes do Paraná. A realidade de oito anos atrás era muito diferente, pra não dizer que era mesmo precária.

São, enfim, realizações que tiveram grande apoio dos paranaenses. E é por isso que, ao encerrar o ano, só tenho ainda duas palavras a dizer aos paranaenses: muito obrigado. Muito obrigado por me ajudarem a provar o quanto o Brasil é viável. Muito obrigado pelo incentivo e pela crítica construtiva. Muito obrigado pela maior transformação da nossa história. Graças a isso, o Paraná tem um futuro muito mais promissor. E nossos filhos e netos, uma vida melhor. Muito obrigado.

Jaime Lerner, 65 anos, arquiteto, foi prefeito de Curitiba por três vezes (1971-1975, 1979-1983 e 1989-1993) e governador do Paraná por duas vezes (1995-1999 e 1999-2003). É o atual presidente da União Internacional dos Arquitetos.

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