A hora da colheita

Os agricultores familiares e os trabalhadores rurais que vivem hoje em assentamentos da reforma agrária receberam uma boa notícia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Plano Safra para Agricultura Familiar referente ao ano agrícola de 2004/05 vai destinar R$ 7 bilhões em crédito rural, valor superior em 30% aos R$ 5,4 bilhões disponibilizados no ano safra anterior. Um aumento que trará benefícios a 1,8 milhão de agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Para aqueles que cobram crescimento do atual governo e que, com suas estimativas lesadas por um pessimismo que insiste em querer contaminar uma nação de cidadãos valentes, esses são os números de uma realidade promissora. Diante deles, a nós, brasileiros que queremos construir uma nação cada vez mais justa, nos cabe seguir adiante e acreditar na força desse povo chamado Brasil, que sabe o valor da esperança.

Os números são resultados concretos de que a nossa luta não é em vão. Nós e tantos outros que acreditam no fortalecimento da agricultura familiar no Brasil sabemos onde estamos investindo nosso esforço. Para quem absorve mais de 70% da mão-de-obra no meio rural, produz a grande maioria dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros todos os dias e que movimenta parte do agronegócio brasileiro, sem ao menos uma legislação que regularize a atividade e coopere com o desenvolvimento desse setor, certamente merece o empenho de seus representantes. Foi por enxergar esse potencial que o governo Lula encerrou seu primeiro ano agrícola com ótimos resultados. A aplicação de recursos registrada no Plano Safra 2003/04 é 105% maior que o plano de safra herdado do governo anterior (2002/03). Em termos de contratos efetivados, o aumento é de 80% e o número de agricultores beneficiados aumentou em 35%.

Desde que o presidente Lula assumiu a liderança política deste país, o governo tem diante de seus olhos duas realidades. À sua frente, esperança e o desafio de construir uma economia mais justa, solidária, de distribuição eqüitativa de renda e oportunidades reais para todos. Entretanto, lamentavelmente, tem que corrigir erros de uma história feita de passado remoto, como na época da escravidão, passando pela ditadura e chegando até um passado recente, com governos como o de Fernando Henrique Cardoso, que acarretou em aumento da dívida brasileira, desemprego e enfraquecimento do Estado – estratégia maquiavélica do neoliberalismo, que tem como meta fortalecer, SIM, a dominação dos países ricos sobre os mais pobres. Para se combater tanta injustiça e má condução na tarefa de governar justamente, é preciso muito mais do que ganhar uma eleição. Para reconstruir uma nação que, por um pouco mais, lhe faltaria um prato de esperança para colocar sobre a mesa, é preciso ousadia, porém com responsabilidade e prudência.

O montante anunciado é 204% superior aos recursos contratados no ano safra 2002/2003, último ano do governo FHC. Um tempo que devemos deixar para trás com ações coletivas e concretas, pois quando plantamos sozinhos uma semente, colhemos os resultados para nós mesmos e em seguida fazemos planos para novo plantio. Mas quando todos plantamos a semente ao mesmo tempo, colhemos juntos e, fortalecidos, olhamos para o horizonte com a certeza de dias melhores para toda coletividade!

Assis Miguel do Couto é deputado federal (PT-PR) e coordenador da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar.

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