A formação do comunicador

Desde o princípio, a humanidade tem experimentado a necessidade premente de criar linguagens e formas de comunicação. São fantásticos os registros que revelam o esforço humano neste sentido. Começam pelos desenhos rupestres de civilizações primitivas, passam pela genial invenção da escrita pictográfica pelos sumérios (3200 a.C.) e pelo surpreendente desenvolvimento da imprensa tipográfica de Johannes Gutenberg, inventada por volta de 1440. Mais recentemente, chegam os modernos meios de comunicação social, cujo desenvolvimento, sem precedentes, foi permitido pelo avanço da eletrônica e da informática.

A sociedade moderna está envolvida pelos vários sistemas e processos de comunicação. Em pouco mais de cem anos, invenções como o telégrafo, o telefone, o rádio, o cinema, a televisão e a internet modificaram as noções de tempo e de espaço. As distâncias estão cada vez mais curtas e a noção de temporalidade ficou mais relativa. Hoje, podemos estar em qualquer lugar utilizando-nos de um sistema de teleconferência, por exemplo, que nos permite interagir em tempo real. Passamos do estágio de homo loquens para o de homo digital. Essa condição representa uma revolução cultural de proporções ainda não totalmente vislumbradas.

Quanto mais organizada for uma comunidade humana, mais complexos serão os sistemas de comunicação e mais complexa será a sua compreensão. Daí a necessidade de estudar as novas mídias e as novas tecnologias. É necessário investigar e formular novas teorias da comunicação que atendam aos interesses e às necessidades da sociedade. É preciso compreender os valores de troca e uso dos bens culturais circulantes no mundo globalizado.

Por seu forte poder de influência no modo de pensar e de agir das pessoas, a mídia tem responsabilidade especial na promoção da educação e do progresso econômico, social e cultural da sociedade. A missão da comunicação é também a de contribuir para a construção de uma sociedade melhor e mais evoluída, para a difusão da cultura da vida e da paz, para a promoção e elevação dos padrões éticos da comunidade humana.

Por essa razão, os Irmãos Maristas e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná consideram importante manter e desenvolver a área de comunicação social. Recursos expressivos são alocados na formação dos profissionais do ramo. São equipamentos e laboratórios de última geração, sistemas e processos sofisticados e modernos, quadros de pessoal técnico e docente qualificados. Todo esse empenho institucional é feito em benefício dos estudantes, futuros comunicadores, Igreja e sociedade.

Os recursos tecnológicos são simplesmente meios. Por isso, os chamamos, apropriadamente, de meios de comunicação. Estamos convencidos, portanto, de que precisamos educar para o bom uso dos meios em vista dos fins que buscamos. É preciso ter presente que mais importante do que os fatos anunciados são os valores proclamados.

Por isso, entendemos que o investimento em tecnologia não é o mais importante. Antes, o investimento mais significativo diz respeito à própria formação humana e ética dos profissionais da área. Estamos preparando homens e mulheres que terão microfones e câmaras nas mãos, além de transmissores e satélites ao seu dispor. O peso institucional de formar bons comunicadores não deve ser subestimado por nenhuma instituição de ensino superior. Em particular, a PUC está fazendo um investimento muitas vezes superior ao custo da tecnologia disponibilizada nos laboratórios. Por sua vez, é preciso que a direção e os professores da área de comunicação estejam conscientes da responsabilidade social que possuem e se empenhem cada vez mais na missão que lhes é confiada: formar bons comunicadores.

Clemente Ivo Juliatto

é reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba e integrante da Academia Paranaense de Letras.

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